quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Calma Coração...

Nos últimos anos, apesar de conhecer algumas pessoas interessantes, não eram cativantes o suficiente para mexerem com toda a orquestra que move o corpo. Não me faziam perder noites a sonhar, nem tão pouco me faziam acreditar num futuro brilhante. Desiludia-me com as mais pequenas coisas. Desculpas fáceis para terminar o que não chegara a começar. Por alto, conto cinco anos em que não me revolvia as entranhas a cada mensagem ou a cada encontro.

Tudo tão mágico, que tive de desaparecer de cena num ápice.

E eis que dou por mim a rezar para que esses tempos voltem, não os dos vazios, mas o da leveza de um coração que passava entre os pingos da chuva da ausência de dor, tristeza e desilusão. A paixão recente, virou a mais dura das decepções. Não por ele, mas por mim. Porque acreditei que tinha potencial para ser bem mais que uma historia a contar, o virar de uma página feliz. Não foi - de todo - o final desejado, longe disso, mas foi o final que - acredito - estava reservado a ser. Como pedimos para reservar a mesa do restaurante, em que o jantar corre lindamente, mas depois dá uma bruta indigestão.

Nem tudo o que parece, é!

Calma coração, já passámos por isto uma vez e ultrapassamos, lembras-te? Naufragamos e encontramos o Norte. O que não tem de ser, não é. Vamos aguardar serenamente por dias melhores, acreditar com todas as forças que nada acontece por acaso, e que ainda vamos ser abençoados. A genuinidade dos nossos sentimentos vão ser reconhecidos e merecidamente entregues.

Até lá, vamos ser fortes, levantar a cabeça e aproveitar para enriquecer a bagagem cultural. Vamos marcar uma viagem e desfruta-la o melhor possível. Resultou da ultima vez, ajudou a descentralizar o que não sai da cabeça, os porquês não explicados. Voltaremos com novas ideias e cheios de vontade para impulsionar o trabalho. A fuga que - sempre - resulta. E dar continuidade aos passatempos que preenchem lacunas inexplicáveis. Vamos ser só nós. Vamos ser egoístas. Chega de tentar perceber onde falhamos. Não resultou. É a versão resumida da história. Não foi por falta de querermos, pois não? Então não nos merecia. Não mereceu as nossas ansiedades, receios, insónias e sonhos.


Vamos os dois juntar os cacos, é um trabalho de equipa e nós somos bons a trabalhar em conjunto. Vamos superar mais este percalço, teste ou o que seja. Construir o tal castelo com as pedras que vamos encontrar, para que possamos formar a realeza que merecemos. Porque merecemos!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Tudo a seu tempo!

Sempre fez parte do meu imaginário o dia do casamento. Por todos os motivos associados mas em especial por vestir o tão desejado vestido de noiva. Recordo-me de congelar em frente às montras e transportar-me para o mundo encantado de um dia que ainda não aconteceu. 

E sempre pensei: como se escolhe o vestido para um dos dias mais importantes da vida? - dizem! E numa das visitas à loja dos sonhos - a acompanhar orgulhosamente a minha afilhada - a vendedora respondeu: É tão complicado escolher o vestido, quanto o noivo. Mas no dia em que o vestires sentirás que é o ´tal´. E esta frase - mal a Senhora sonha - nunca mais me saiu da cabeça. 

Porém, como acho que tudo a seu tempo, com o vestido tem sido igual. Lembro-me de achar que ia modo princesa. No outro dia, numa das publicidades das redes sociais salta-me não um vestido mas ´o´ vestido. De princesa pouco tinha. Mas tinha tudo o que os trintas pedem: elegância, maturidade, sofisticação e muito glamour. Apaixonei-me. Depois lembrei-me que o processo é ao contrário. E que escolher o vestido é a última parte, a cereja no topo do bolo.

Imaginei. Sonhei. Acordei. 

Continuo a sonhar. E se há alguns anos - décadas! - sonhava com o vestido de princesa e esse gosto se aprimorou - tipo o vinho do Porto. O mesmo se passa com o noivo. Que deve de estar algures numa pipa de carvalho, mais do que amadurecido, perdido, a respirar por uma palhinha e a pedir socorro! À espera da Princesa, sem o respectivo vestido. 

Romancear a vida, o que de bom e mal ela tem, tem os seus encantos. E no meio das fases menos boas, nada como sonharmos, para abrir horizontes e acreditar, que o amanhã pode ser surpreendentemente colorido. Embora hajam dias em que apetece mandar o romantismo às urtigas.

Vou continuar a sonhar, porque se o sonho comanda a vida, quero comandar os meus.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Queres jantar?

Descobri há uns dias que nunca tinha convidado alguém para jantar. Não me refiro a amigas, nem amigos. Tão pouco à família. Mas a alguém que despertasse em mim um interesse especial, uma vontade de conhecer melhor. Não me estou a pavonear de tal feito. Simplesmente percebi que estou mal habituada.

Não sabia sequer como estruturar a frase. Apaguei vezes sem conta. E até perguntei a uma amiga: como se convida alguém para jantar?! E ela respondeu: Simples! Queres jantar? A simplicidade da escrita complicava ainda mais o meu primeiro convite. E a extrema dificuldade em ultrapassar essa barreira deixava-me um nervoso miudinho no estômago e a mão trémula. 

A minha habitual descontracção e positivismo para com a vida, desaparecera perante uma trivialidade para alguns, uma completa novidade para mim. 

A cada tentativa de escrever a frase certa, pensava na possível resposta negativa e isso fazia-me recuar. Depois, relembraram-me de que eu já as dera também e que ninguém morreu por isso. Faz parte.

E esta curiosidade fez-me pensar, para variar.

Pior, percebi que não foi só este convite que não fiz. Nunca fiz convites simplesmente. Nem para um café, nem para um cinema, nem para a praia, nem nas redes sociais, nada! Estou preocupada. Provavelmente sou um bicho em cativeiro com a mania que sou social. Pensei melhor. Sabem, não precisei. Não precisei de conquistar. Aliás, também percebi, que não sei conquistar. Sei lidar com a conquista, geri-la. Conquistar, não sei. Espero que hajam livros de cursos intensivos: como conquistar em 10 dias. Sei lá, secalhar há! 

E por vezes a mão cheia de nada na altura do convite, até se pode transformar numa mão cheia de muito. Mesmo que não seja no que se esperava inicialmente. 

Não ando ao sabor dos desejos e convites - dos outros -, simplesmente nunca senti vontade e/ou necessidade. E sentia orgulho de não ter corrido atrás de ninguém - na fase da sedução, claro. Que palermice. Ou não. Fui conquistada pelas pessoas que tropeçaram na minha vida.

Será a minha vez de tropeçar na vida de alguém? 

Se se tratasse de um filme, veríamos a reacção dos vários personagens, sendo um filme da vida real, temos de aprender a lidar com os acontecimentos, com o bom e o mau que poderá resultar da pergunta. 

Quantas oportunidades se perdem na vida, pelo arrastar e rasurar - pelos mais variados receios - de uma simples frase?

Inspira, expira... Queres jantar hoje?