terça-feira, 19 de setembro de 2017

Um episódio para - não - recordar

O facebook avisou-me de uma amizade antiga, tão antiga quanto esta história. Real.

O poder do mundo virtual aproximou-nos. Fomos apresentados, virtualmente, através de um casal amigo, que nos achavam parecidos na sensibilidade e na dedicação numa relação - ambos saídos de fresco de relações longas.

Tínhamos uma relação virtual maravilhosa, corria lindamente. Inteligente, culto, divertido e amigo do amigo.

Na altura - e ainda de vez em quando - eu fazia de vitrinista e dava largas à imaginação. Acho que ele era a única pessoa que olhava a montra com uma visão diferente, diferente de todos os que iam à loja. Ele sabia sempre que na noite anterior a tinha feito. Congratulava-me mesmo quando não corria tão bem quanto o esperado.

Na única vez em que fui terminar a montra de dia...

Ele subia pelas escadas rolantes, e pelos espaços em aberto que os panos que cobriam permitiam, vi-o. Dirigi-me à porta com o meu melhor sorriso, estava feliz pela agradável coincidência, pensei que se dirigisse a mim da mesma maneira e foi então que me surpreendi. 

Mal sobe a escada, salta o último degrau e começa a correr, eu e os amigos ficamos a olhar uns para os outros, eles nada disseram, eu nada disse. Não sabia se havia de rir ou chorar, mas acho que o espanto me bloqueou as ideias. A verdade é que ele não só corria velozmente como derrapava a cada curva - qual Speedy González - e eu - nós - completamente pasmada a vê-lo desaparecer. Confesso que por segundos, ainda pensei que não me tinha conhecido, depois pensei se tinha assustado e entretanto percebi que independentemente de tudo aquilo que me passasse pela cabeça, nunca ia encontrar a explicação. Horas depois, recebo um email - a via que nos dávamos tão bem - um pedido de desculpas acrescido de uma enorme vergonha percorriam cada linha. 

Nunca imaginei um episódio assim, aos trintas.

Ficamos algum tempo sem falar, o tempo de eu digerir e tentar encontrar uma explicação, e ele, bom de ele ganhar coragem.

Dois meses depois, bebemos café. Correu melhor, pelo menos não fugiu.

Continuamos a falar com o monitor como testemunha, admirava-o. Até que um dia me mandou um email em que não entendia o que nos faltava. Prometi que um dia respondia. Podia dizer que faltou química, cumplicidade... Ou outra coisa, ou todas elas. Mas na verdade, de tanta coisa que lhe podia dizer, só me ocorre...

Não há uma segunda oportunidade de causar uma boa primeira impressão. Bastava um sorriso, e tudo podia ter sido diferente.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Feliz, por ter escolhido ser Feliz!

A manhã tinha sido atribulada mas extremamente gratificante. Merecia uma pausa para repor energias, pensar, reflectir e organizar a tarde árdua que se avistava - como eu gosto - sem tempo para respirar mas, no final do dia, o sabor a dever cumprido. 

Sentada, com uma vista maravilhosa enquanto esperava uma colega de trabalho, à beira de um ataque de nervos, numa embrulhada sentimental, vislumbro uma pessoa que me parecia familiar, desolhei e fiquei a pensar de onde a conhecia. Já não sabia se era do banco, do café ou de outro sitio qualquer. 

Triste foi chegar à conclusão de que era um ex namorado. Alguém de quem um dia gostei muito, e nunca pensei sentir a indiferença que senti. Muito menos não o reconhecer de imediato - mesmo com óculos de Sol - nem que fosse pelo perfume,  pela voz, pelo penteado ou pelo "tique" nervoso só perceptível aos mais atentos. Certo que passaram anos, mas ainda assim, foi estranho.

Respirei fundo, bem fundo, num misto de alivio com a sensação de liberdade. Ele não me viu, ainda bem, não temos nada para falar e mesmo sem ódio, é tão melhor viver sem toxicidade emocional. Mais uma prova, de que o meu passado está tão bem resolvido.

Com um sorriso interior que não consegui conter e exteriorizei, pensei: as voltas que a vida dá. Obrigada "destino", já sabia, mas hoje reforcei a teoria de que nada acontece por acaso. E o que não tem de ser nosso, não é. Não o digo com tristeza ou mágoa, mas sim de forma esperançada e extremamente agradecida, pelo que não foi. Obrigada.

Novidade: Agora - também - podem acompanhar a página no Instagram! ! Até já!


sábado, 16 de setembro de 2017

Férias de - ainda- Verão!


Depois da consciencialização de que o tempo passava sem que eu me apercebesse, decidi correr atrás do prejuízo. Verão espera por mim! – Suplico. Arrumei as malas e segui viagem. Rumei a Sul, onde a probabilidade de os raios se aliarem à minha vontade era bem maior.

As malas de quem viaja sem companhia são fáceis e simples de preparar. Qualquer trapinho nos faz sentir frescas, leves e lindas. A depilação impecável não é prioridade e os horários, são aqueles que eu quiser. Até da pílula nos esquecemos, paciência, não haverão consequências. São as vantagens, as desvantagens não importam nada, não hoje.

As previsões climatéricas não eram favoráveis, mas o positivismo é o meu nome do meio. O vento fresco de manhã apela a planos alternativos, as noites frias, essas pedem um bom livro e tempo para sonhar. Mas as tardes, essas ainda convidam à paisagem e à banda sonora mais inspiradora de todas, a praia. Não tive tempo para me tornar lagosta, e a palidez de final de Verão revela que fiquei aquém das desejada exposição solar obrigatória. O protector solar, fica guardado para o ano, a promessa de que vou aproveitar mais o bom tempo, e o que ele proporciona.

Gosto de sonhar. Fazer planos para um amanhã, mesmo sendo a minha vida uma montanha russa, onde o looping me apanha sempre de surpresa, não importa. Não sofro por antecipação nem do bom nem do mau. Sonhar é das melhores sensações, porquê? Porque o final é sempre aquele que queremos que seja, feliz. 

 Uma escapadela – nada romântica – também faz bem à alma. Inspira.

É a despedida perfeita da minha estação mais-querida, mesmo que este ano a tenha desamparado.

A proximidade da renovação de temporada, enche-me sempre de esperança e expectativas - deve de ser inspiração da FoxLife e outros que tais. Os novos ventos que me sopram no rosto, me percorrem o corpo e mais além, só podem trazer coisas boas. E os próximos capítulos, que sejam de grande emoção, dignos de um filme. 



sábado, 9 de setembro de 2017

Regressada das... cinzas.



Acordei sem despertador. Levantei o estore e as copas das árvores agitadas, anunciam que o Verão está prestes a terminar. Percebi, de repente, que não dei por ele sequer começar. 

Há meses que enfiei a cabeça na areia, embrenhei-me de tal forma no trabalho, tão concentrada em não me desconcentrar para fazer frente às contrariedades que o Universo me reservou que, num ápice, se passaram horas, dias e meses. 

Uma constelação que teima em não me deixar desalinhar. E quando me sinto a desenvencilhar do meu grande conflito interior, eis que uma cigana (sem qualquer desprimor, mas foi assim que a Senhora me abordou) se atravessa no meu caminho, em diagonal no passeio, e diz:

- Menina, pode tirar os óculos, se faz favor?

Sem saber bem o que fazer tirei e sorri nervosamente. E no mesmo instante em que me tece um elogio, agarra-me a mão com ternura e lança a seguinte frase: “há uma pessoa que pensa muito em si, e que não a consegue tirar da cabeça” e enuncia as duas consoantes dos dois primeiros nomes da pessoa que me defraudou o Verão. Levei um baque, pedi que repetisse três vezes. À terceira, já o disse quase a gritar. Acrescentou ainda que eu ia ser muito feliz e realizar tudo aquilo que pensava que não ia mais acontecer. 

Mal virei costas, as lágrimas correram, num impulso incontrolável.

Não sei que mal fiz eu na encarnação passada, mas sair deste colete-de-forças em que luto com o meu coração, está a ser mais complicado do que deveria. 

Não tenho a certeza em que fase do luto me encontro. Pensava estar na aceitação e respectiva resolução. Mas esta abordagem, por mais tola que pareça, desinquietou este meu motor de sobrevivência.

Preciso de um novo amor.