A carência é o flagelo dos solteiros.
O desejo de ter alguém, provar à sociedade mais conservadora que afinal são normais - como se houvesse esta definição - em vez de serem felizes com o que a vida lhes dá de bom. Sofrerem desmedidamente, não com o modo de vida que escolheram mas com o destino que indirectamente lhes foi traçado e que lhes corrompe a sensatez. Comparável a ir a um supermercado com fome, apetece tudo. Assim é a vida de quem vive desesperadamente à espera de um relacionamento: atirasse de cabeça a qualquer promoção - oportunidade. E esta insatisfação perante a condição imposta pelo infortúnio do rumo que lhes foi confinado, não ajuda em nada a tomar as decisões mais acertadas.
A aspiração de realização é tão forte que aceitam qualquer regra, movidos pelo desespero e por um bilhete de identidade que teima em mostrar que o tempo não volta atrás. O que parece que não percebem, é que mesmo não voltando - que não volta - há uma caminho em frente a percorrer.
As pessoas perdem a capacidade de sonhar. Ficam descrentes num futuro que está, tão somente nas mãos de cada um. Se é fácil falar? Ui, se é. Mas eu falo com conhecimento de causa. Eu sou uma das que não está nesta condição por opção. Mas resolvi fazer as pazes com o passado. E nem aquele dia deste mês [piroso e] lamechas [como o amor deve ser] - que ao coincidir com o Carnaval até nos dá a possibilidade de fazer trocadilhos reles e considerar o dia uma palhaçada - me rouba qualquer sonho.
Sou positiva por natureza, mas também sou muito terra-a-terra - em tudo. Aceito o bom, o menos bom e o mau. Luto contra pensamentos negativos e sonho, sonho tanto. Deito-me e acordo com a mente sempre focada nos meus sonhos - e objectivos. E num dos momentos em que sonhava acordada, resolvi mudar, o que estava ao meu alcance. À distância de uma boa dose de coragem e de uma dose extra de vontade, decidi sair da zona de segurança e mudar de código postal - entre outras pequenas grandes coisas. Tentar justificar aos meus arrendatários o inexplicável ou contornar ao máximo para que faça algum sentido. Aproveitar-me da minha desenvoltura verbal para que não pareça uma crise porque é tão somente uma necessidade consciente de experienciar uma outra realidade.
Não que a minha felicidade dependa desta mudança em concreto, mas preciso de me desafiar a mim mesma, de mudar de hábitos, de ver gente nova e conhecer novos lugares. A monotonia do patamar de conforto tornou-se desconfortável, ou a minha teimosia começou a sussurrar-me ao ouvido. E por consequência o desassossego - do bom - e a inquietação - da boa - passaram a ser meus companheiros de viagem.
O pior que pode acontecer é arrepender-me, mas que todo o mal seja esse. Ninguém se pode arrepender de tentar, se avista a solução ou mesmo resolução de uma série de pendentes. Aceitar se não correr como o desejado. Mas correr atrás dos sonhos, mesmo que só façam sentido para nós. Ambição? Também tenho a minha dose.
Em tempos de revolução pessoal, que seja tão bem sucedida quanto a dos cravos.
Se pudesse vendia sonhos - não dos fritos que têm açúcar e canela que esses ficaram pelo mês deles - mas daqueles que enriquecem qualquer ser. Ensinava a arte de acreditar que os sonhos estão ao alcance de quem sonha! Mesmo quando parece que o mundo inteiro se uniu para nos tramar.
Decreto o mês dos sonhos! Vamos sonhar, traçar metas - sejam elas quais forem. A primavera está à porta não tarda, os dias vão ficar mais longos, as flores vão brotar e sonhar é tão gratificante.
Adorei o post!
ResponderEliminarAdorei o post!
ResponderEliminar"A carência é o flagelo dos solteiros."
ResponderEliminarA tua primeira frase tocou-me de uma maneira inexplicável!!
É tanto isso... que depois acontece todo o resto que descreves.
Os mais perspicazes seres humanos mal fadados, aproveitam-se do sofrimento de quem esta sozinho há demasiado tempo... e se deixa levar pela primeira conversa bonita...
A grande verdade é que "nem tudo o que brilha é ouro" e o pior são as 2ª e ª3 conversas que vêm depois... e recebe-se posteriormente um sofrimento muito pior do que estar sozinho.
Agora, à distancia de uma idade um pouco (digamos) mais madura, protejo-me muito mais!
E não é qualquer "promoção" que me convence!!
Obrigada pelas sempre sabias palavras e boa sorte...
É mesmo o espírito! Nunca desistir e nunca parar de sonhar! Aliás, mesmo que quisesse, duvido que o conseguisse fazer :)
ResponderEliminarAdorei! Obrigada!
ResponderEliminarUma quase trintona, solteira. :)
Força e que tudo corra bem neste teu sonho/desafio...espero que resistas á "tentação" de embarcar numa relação só porque a sociedade faz pressão para isso, continuado lado dos solteiros até encontrares o teu sapo principe
ResponderEliminarNão sei se gostei do post, porque me revejo completamente nele. Mas que gostei, gostei muito...
ResponderEliminarSonhar... sonhar alimenta a alma, mas mesmo até a alma não vive apenas de sonhos...
ResponderEliminarE chega sempre uma altura em que o sapo deixa de sonhar, até porque o próprio sapo expira o "prazo de validade"..
Admiro a tua força, e "quando for grande" quero ser como tu!
Parabéns pelo blog! Consegue sempre fazer com que alguém se identifique nas palavras de qualquer post que faz!
Muitos Parabéns por todas estas reflexões. Sinto que foram escritas com a alma e isso torna as palavras mais belas. Um bem hajas :)
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