A solteirice provavelmente tornou-me uma pessoa mais solitária e acima de tudo - ainda - mais independente. Até ao cinema já consigo ir sozinha! - surpreendo-me a mim mesma!
O ser humano é um animal de hábitos e eu não sou exceção, habituei-me a estar só e a desenvencilhar-me sem recorrer a ninguém. E de coração, faço-o com gosto, vejo como sendo normal. Receio até estar tão conformada com a situação. Sinto que o egocentrismo se apoderou de mim e eu passei a ser o centro do Universo. Principalmente ao final do dia, sinto uma necessidade extrema de estar sozinha, meter o telefone em modo "não incomodar" - que não me deu descanso o dia todo - esquecer que existe rede sem fios e que posso aceder à internet e contactar o mundo em qualquer canto da casa. Se os que me rodeiam reclamam? Oh, se reclamam, mas no fundo, compreendem. Não sei se será uma fase, se o rescaldo de um Verão extremamente problemático, se um novo modo de vida. Atenção, diferente de isolamento, eu tenho uma vida dita normal. E poder dar-me ao luxo de pensar algumas horas do dia só em mim, é uma vantagem colossal. Faço o que me dá na real gana. Na maior parte das vezes, o simplesmente não fazer "nada", é tudo.
Está-me a saber pela vida esta egocentricidade consciente.
No meio deste desabafo, durante a conversa de almoço com a amiga que tem a data marcada para enriquecer o anelar esquerdo, diz-me - de peito cheio: que não vai às compras - referindo-se a roupa e afins, não às compras para a casa - se não for com o respectivo e vice-versa. Perplexa, perguntei: já lhe perguntaste se ele gosta mesmo disso? Tens a certeza que ele não gostava de tirar umas horas só para ele, comprar o que lhe apetecesse e até surpreender-te? Ao qual ela responde indignada: espero que não! E tu, não gostavas de ir sozinha? Repliquei. Parou por segundos, suspirou, encolheu os ombros e baixou os olhos. Impávida - e pouco serena - comi e calei, enquanto tentava digerir a conversa e pensar se estaria eu errada, sempre gostei de ir às compras sozinha. Nunca me pareceu que isso fosse algum aspecto negativo ou de discórdia, até quase que jurava que me agradeciam por não os fazer penar horas a fio fechados num centro comercial. Quando acontecia, muito ocasionalmente, aí sim, tinham - ou eu - toda a paciência do mundo, precisamente por ser tão esporádico. E longe de ser uma obrigação.
Moral da história: provavelmente os dois andam a fazer o frete quando acham que estão a ser normais. Desculpem que vos informem: não estão! Estão?!
Inspirei e expirei profundamente de alivio por perceber que a liberdade de simplesmente respirar sem dar explicações é uma dádiva! Aproveitem enquanto podem!
Obrigada por este texto que tanto alento me deu, nesta minha bolha de egocentrismo... Deu-me forças, para sair do sofá e ir a um concerto sozinha. E sentir-me bem por isso. Até breve
ResponderEliminarNão rebentes a bolha enquanto te sentires bem... Bom concerto! Beijinho
ResponderEliminarPor acaso há uns tempos lembrei-me que há muito que nao via nada neste blog e vim fazer uma visita, questionando se surgiria uma nova "fase" do blog. É bom vê.lo renascer de novo e com relatos inspirados e certamente sentidos por tanto sem a mesma coragem. Welcome back ;)
ResponderEliminarMuito obrigada Sofia! Beijinho : )
EliminarQue delicia de texto!!! Encheu- me a alma!!
ResponderEliminarNão conhecia o seu blog, estou achando ótimo, parabéns!
ResponderEliminarIr ao cinema sozinho é uma delícia. Você chega mais cedo, toma um café sossegado enquanto espera pelo filme, assiste ao filme que você escolheu, sai do cinema, e toma outro café. Não entendo por qual motivo tantas pessoas tem vergonha desse hábito solitário.