Lembro-me perfeitamente da hora e do dia em que ele me
mandou uma mensagem a terminar a relação que tínhamos - pela segunda vez. Sim, foi cobardemente o
meio que encontrou. E nem foi daquelas pagas, foi mesmo do programa mais usado
para o efeito. Posto isto, respondi da mesma forma e ainda acabei com o pedido que: independentemente das voltas que a vida dele desse, nunca mais me
contactasse. E assim foi, durante meses.
Encaixei todos os elogios tecidos na dita mensagem e pensei
que era só juntar os cacos e voltar a viver. Aceito que temos o direito a não
querer e como tal sou da opinião em que não se pede a ninguém para ficar.
Coincidência, ou não, estava em mudanças, o que em vez de uma hora, seriam apenas dez minutos que nos separavam. E no meio da tempestade que
entretanto encontrei, tinha também todos os motivos para achar que era uma
página a virar, uma nova fase a começar. Empenhei-me ao máximo no trabalho e
na casa nova. A minha casa de bonecas que ia ser testemunha de tudo: do óptimo,
do bom, do mau e do péssimo.
E pior do que recomeçar relações, é enterrar as passadas.
Aquelas que não compreendemos o verdadeiro motivo. Em que nem vemos motivos,
mas acabaram.
Ergui a cabeça e quando começava a estar bem comigo, ele
reaparece das cinzas.
O baque da surpresa. E a pior abordagem de sempre. A
confiança em que tudo tinha ficado naquele ponto onde me deixou, como se eu
tivesse ficado petrificada ali, à espera. Não questionou o meu sofrimento ou os
meus sentimentos. Simplesmente achou que podíamos retomar a normalidade do que
se tornou anormal. Senti-me a viver um filme, em que nos batem à porta, metemos
na pausa e retomamos quando nos apetece.
O nervosismo revelou-me que afinal não estava tudo curado,
mas a desilusão segredou-me que tudo se vai resolver.
E a questão é: não resultou à primeira, nem à segunda,
seria no reencontro da terceira? Não me parece.
O coração inquietante gritava, vai! A cabeça fria implorava,
não.
Gosto mesmo muito de ti, mas aprendi a gostar mais ainda de
mim.
E na próxima abordagem, se a houver, trás flores ou convida-me para jantar num dos meus sítios preferidos. Diz-me o quanto sou importante. Que não queres uma noite, queres todas. Que o que nos une é forte, mais forte do que o que nos separa. Que partilhar a vida comigo seria um prazer, sem jogos ou omissões. Uma relação transparente e verdadeira. E que seriamos felizes.
Pode ser que a Lua esteja a nosso favor nesse dia...