Eutanasiamos relações de forma gratuita, quando as devíamos
preservar. A vida ensina-nos a encaixar o que os outros pensam de nós. A
aceitar. E cada vez menos a argumentar. Precisamos de estar muito bem
estruturalmente para ignorar as várias e sucessivas tentativas de destruição
emocional.
Há uns anos atrás, na flor da idade, tudo me revoltava, era
eu contra o mundo. Depois percebi que, ou me juntava ao mundo, ou o desgaste
era tal que não vivia, sobrevivia nesta selva que é a sociedade, e daí em diante, simplesmente
optei por fazer, de quando em vez, uma triagem emocional. Dos Amores que fazem
parte da minha vida: dos que não escolhemos, como a família aos amigos. Só
quero bem perto, os que dão saúde. Aos outros, dou-lhes uma injecção de
distância. Fiquei com a nata dos que me querem bem, e eu tão bem lhes quero. E
com estes queria estar bem mais do que me é possível, bem mais do que lhes é
possível.
O fracasso das relações fortifica-nos. Como se
sobrevivêssemos à mais dura das doenças. Como se a eutanásia, fosse a
resolução. Não é morrer, é matar. É acreditar que há vida lá fora. É acreditar
que algo de muito bom está para vir. É a esperança no seu mais alto nível. É
procura. E é desistir.
E neste desejo insano pelas respostas, damo-nos conta de que temos
qualidades que desconhecíamos, até nos obrigarem a descobrir.
Sabes qual é a minha maior qualidade? Saber quando devo
desistir.
E a essa desistência, chamo-lhe agora, eutanásia - matei-te
em mim.
Cada vez mais me tenho afastado de pessoas tóxicas. Eu só posso ter à minha volta quem me faça bem! Eu estou em primeiro lugar!
ResponderEliminarBelo texto!! nada melhor que erguer a cabeça e perceber que há como ser feliz da melhor maneira
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