segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Uma aventura em Pequim!

Nem tudo foi pleno de aventura. 

O meu irmão que ia adoentado e a antibiótico, piorou. A febre subiu, a garganta estava longe de ter melhorias e eu não sabia bem o que fazer, afinal estava na China, sem saber sequer como funcionava o sistema de saúde. Optamos por perder o dia da chegada, para ele descansar e tentar acelerar a recuperação, mas ainda assim, não estava a correr bem, ao ponto de ter de accionar o seguro. Até me responderem do outro lado, que cobriam as despesas, desde que viesse com relatório médico em Inglês, mesmo que o atendimento fosse no hospital, assim como as facturas. Não sendo a conta do hospital que estava em causa, até porque ainda não tínhamos gasto nada, mas sim o atendimento fiável, não ia ser fácil, dado o gigantesco problema que havia de comunicação. Resolvemos ser pragmáticos, antibiótico já tinha, e todo um complemento que tratámos em Lisboa, e ainda, pelo sim pelo não, o reforçamos na longa estadia no aeroporto de Londres. Tínhamos de ser pacientes e dar tempo, ao tempo e ao corpo,  para responder positivamente.

Posto isto, por iniciativa dele, chegamos à conclusão que não dava para empatar mais tempo no hotel, tínhamos de ir explorar, afinal estávamos onde desejávamos e não era um destino que pudéssemos voltar com facilidade, foi buscar - não sei onde - as forças todas que tinha, e movidos pela adrenalina cumprimentamos a cidade.

O ar em si era estranho, estava calor - muito calor!! - e a poluição fazia-se notar, embora ache que a chuva que caía com frequência pudesse minimizar, o céu nublado era muito mais que nuvens. Nada que nos surpreendesse.

A nossa primeira grande vitória em território chinês, foi conseguir um mapa, parece pouco? Pois vos garanto que não. Depois do feito, ficámos imparáveis. Orientamos-nos de uma forma fantástica, o metro funcionava na perfeição e não nos enganamos uma só vez. Tínhamos locais obrigatórios e outros que fomos descobrindo e que nos surpreenderam.

O óptimo, a segurança. É um país bastante seguro, sentimos-nos sempre protegidos. Verificavam-nos, a nós e ás nossas mochilas, na entrada do metro, e em todos os acessos a espaços públicos. 

A nossa primeira opção foi conhecer a Praça Tian'anmen, cheia de historia e de edifícios marcantes nas imediações, entre os quais, o Museu Nacional da China e onde impera a cidade proibida, hoje Palácio Museu, com bilhetes diários limitados, e onde conhecemos o pintor que vendia viagens turísticas pela cidade, que nos valeu de muito, por também ser professor de Inglês. Compramos uma tela, prática comum em todos os locais que visitamos - e transformamos a sala dos nossos pais numa viagem cultural sempre em crescendo. No meio do regateio típico de qualquer comerciante, e feito o negocio, apresentou-nos A viagem a um dos troços da famosa muralha da China, escusado será dizer que os nossos olhos brilharam. Combinamos os detalhes, e seria no dia seguinte, como o nosso hotel se encontrava mais distante, embora muito bem localizado - ao lado da estação do metro - seria numa estação mais central, com guia em Inglês e numa excursão destinada só a turistas.

Claro que nada disto aconteceu.

7h00 - Depois de três trocas de linha, chegámos.

Avistamos um grupo de chineses, dirigimos-nos ao guia, que nos dizia em linguagem gestual que o recibo que apresentávamos não era para aquele grupo, esperamos. Não apareceu mais nenhum outro grupo, apesar de abrandarem autocarros e segundos depois seguirem viagem. Até que, vemos o grupo a seguir para um autocarro e o meu perito em linguagem gestual correu atrás e perguntou novamente e desta vez com uma imagem da muralha que vinha na capa do nosso mapa e o guia acena com a cabeça que podíamos entrar e assim fizemos.

Ainda perguntei ao meu irmão: tens a certeza que este autocarro vai para a muralha?

E ele responde: há crianças aqui, se não formos para a muralha, vamos para algum sitio giro, porque eles estão todos contentes. E na pior das hipóteses, é uma aventura - e aventura era a palavra de ordem. Perante o argumento, entrei no espírito.

A meio do caminho, parámos. Sem percebermos o que estava a acontecer, até que o guia se dirigiu a nós com um vídeo do acesso da muralha a desmoronar, e que tínhamos de regressar à cidade. Embora achássemos que tinha sido prudente, ficamos muito tristes, era o nosso ponto alto da viagem.

Improvisamos o itinerário.

Edifício CCTV - Reme Koolhaas
É uma cidade em grande escala. O que traduzindo é: tudo é grande e longínquo. As praças são enormes, os jardins são gigantes, o que até parece uma contradição num país tão pouco amigo do ambiente, os edifícios - hotéis, residenciais e escritórios - são de grande envergadura, afinal têm uma população numerosa, a única forma de os rentabilizar é trabalhar a verticalidade. Se a isto acrescentarmos arquitectos de renome a cada construção ficamos com uma cidade no mínimo, famosa. Denota-se uma grande aposta na modernidade da cidade, embora a arquitectura se destaque pela sua individualidade, a assinatura dos autores são o reflexo disso mesmo.

Não esquecendo do aeroporto e da estação central, um hino à arte.

Há poder económico, há luxo e excentricidades.


Edifício Phoenix, Pequim
Beijing Institute of Architectural Design









MAD´s Mountain-Shaped Tower
MAD Architects

 Gostei especialmente da cidade olímpica, é o toque do modernismo, o emprego de novos materiais e texturas, numa harmonia perfeita tanto de dia como de noite, com toda uma cidade imperial de fundo. Memorável!

Estádio Nacional de Pequim (o ninho) Herzog & de Meuron


Adorei os jardins e os palácios, mais imponentes do que eu imaginara. Fabulosos.

Beijing Tiantan Park

Beijing Tiantan Park
Temple of Heaven
Estávamos nós neste paraiso divino, e resolvemos ligar para o David, o nosso pintor amigo, afinal a ida falhada à muralha estava-nos atravessada. Para grande surpresa nossa, o artista já nos tinha tentado ligar para o hotel e para o telefone, que sabe-se lá porquê, não nos notificou. E qual o nosso espanto que havia uma viagem à dita, no dia seguinte, véspera de irmos embora, ficamos radiantes! Acertamos, uma vez mais horários, e tudo indicava que os astros se tinham alinhado a nosso favor. Recebemos uma mensagem da Maria, que seria a nossa guia, a confirmar a viagem e até o nome já nos fazia sentir em casa.

Claro que, facilidades não são o nosso forte.

7h34 - Depois de três trocas de linha, chegámos. - Outra vez!

O combinado era as 7h30, saímos da estação e não se avistava qualquer grupo. Esperamos cinco minutos e ligamos à Maria, que nos diz  não que estava ninguém e seguiram viagem. Ficamos em choque, a nossa viagem ia ficar com uma lacuna maior que a própria muralha, ligamos ao David, o pintor. Que ligou à Maria. Que por sua vez ligou depois para nós, e nós a tentarmos uma solução. Quarenta minutos de negociação sem qualquer sucesso. Eu confesso, que no meio de tanto imprevisto, pensei que não estava no meu destino ir à muralha. Até que nos sugere um carro privado, o Uber lá do sitio, e pelo mesmo preço que íamos pagar, foi a ideia mais luminosa que podia ter tido.

Seguimos, naquele que foi o momento apoteótico da nossa viagem: a grande muralha da China!

Não há palavras para descrever, é uma sensação única. Uma vivência inexplicável. Uma verdadeira maravilha. Fizemos um dos maiores troços e embora seja muito cansativo, nós não andávamos, flutuávamos. Estávamos em êxtase. A paisagem é infinitamente bonita, tudo o que os olhos alcançam é de uma beleza surpreendente.



Fomos ao mercado mais famoso de street-food, e aqui foi uma surpresa do principio ao fim da rua. Não me conseguiram surpreender com comida muito estranha, porque não vi nada que já não tivesse provado, de uma ou outra forma. Não vi carochas nem baratas no espeto, talvez nos mercados menos comerciais. Não tivemos tempo para explorar essa parte.




Depois de nos lambuzarmos no mercado, era o dia reservado ao Pato, porque ir a Pequim e não comer o pato, é como ir à Guia e não comer o frango. Fomos ao indicado como sendo o melhor, e se não era, pareceu.
 Duas horas de espera - tal como na Guia. 

Ficámos na melhor mesa, na varanda, com vista para rio e uma paisagem digna da última ceia. Deliciamos-nos com aquela que foi a refeição mais esperada, - e normal!. Porque verdade seja dita, comer noodles ao pequeno-almoço, lanche e jantar não é a alimentação de sonho de um Europeu. Mas o que eu os via a saborear aqueles massas que parecia que tinham vida própria sempre que optava por as degustar. Pior, era o tamanho da taça onde eram servidas. Juro que na primeira vez, espreitei para taça do vizinho para ver se ele tinha dado conta do recado, e não é que eles davam! A comida é das maiores dificuldades passados dois dias. Os cheiros entranham-se pela cidade e o estômago reclama por comida real. Ao quarto dia, foi o dia  que nos rendemos a uma das  hamburgarias mais conhecidas, para o meu irmão a primeira refeição que saboreava na integra, sem dor. Valeu-nos também o pequeno-almoço vulgo continental, era o único escape que tínhamos ao longo do dia, pelo menos começávamos sempre bem - e recomendo vivamente que optem por um hotel com esta opção.

Se a nosso primeiro impacto com as gentes da terra não foi positivo, daí em diante só posso tecer elogios. Acompanhavam-nos para todo o lado, até nos deixarem nos locais, sempre que pedíamos uma informação. Outros, escreviam em pinyin (alfabeto chinês) ou caracteres, de forma a facilitarem a abordagem seguinte. Uns verdadeiros anfitriões. 

Vivemos a cidade no seu esplendor, Absorvemos tudo o que nos oferecia. E voltamos com uma bagagem enriquecida e memorias, que só as viagens têm o poder de nos  oferecem. Em que há tantas, tantas histórias e tanto por recordar.

A mais enigmática, é que eu fui estrela durante a semana inteira. 

O meu maninho diz que andar comigo ou com um saguim era exactamente a mesma coisa. Não esperava ele tal sucesso e diz que tinha rentabilizado a coisa.

Nos dois primeiros dias, receamos. Não imaginam, o estranho que era abordarem-me frequentemente, e quando digo frequentemente é: todo o santo dia, várias vezes ao dia. Não faço ideia o motivo. Sei que os miúdos mal me viam entravam em histeria, cutucavam-se uns aos outros, e não descansavam até tirarem uma foto comigo. Os pais incentivavam. Pensámos que poderia ser pelo simples facto de sermos turistas, mas não víamos isto acontecer com mais ninguém. Os graúdos, olhavam, e desolhavam mal o olhar se cruzava com o meu. Para terem uma noção, eu já ia para a última carruagem do metro, e se, por alguma motivo,  parava na fila para comprar bilhetes, era a desgraça. Tocava-me no braço como quem toca num cristal, e apontavam para o telefone e depois para mim. Eu até já tinha pose! Imaginamos os miúdos a chegarem à escola e dizer: olhem o que vi hoje! - sem perceber se devo ver isto como um elogio ou não! Se bem que ainda há a possibilidade eu ser parecida com alguém famoso lá no sitio.

Confirmei que não nasci para ser famosa, é um desconforto.

No último dia, já acusávamos o cansaço, estávamos completamente exaustos. Não tínhamos noção de quantos quilómetros fazíamos diariamente, até descobrirmos, já em território português que tínhamos a aplicação activa e percebemos o motivo das unhas negras e das pernas de elefante. 





Resumindo: Adorámos!

sábado, 8 de setembro de 2018

Uma aventura até Pequim!

Cento e vinte horas antes...

Estávamos com aquela sensação de que o Verão ia acabar e que não tínhamos tido aquelas férias, e efectivamente não tínhamos. Um fim-de-semana aqui, outro por ali, e talvez um último sem data certa. A sobrecarga de trabalho não permite mais, e verdade seja dita, não há outra forma de pagar contas, senão trabalhando, portanto, abençoada fase.

No entanto, estávamos com um amargo de Verão, e resolvemos sonhar.

Digo eu, ao meu mais-que-perfeito companheiro de viagem [o meu irmão]: Bom, bom era irmos à China!
E ele responde: Era só perfeito!

E a ideia, começou a tomar forma.

Alinhamos calendários e economias, que analisando bem, é uma viagem dispendiosa. Começamos a ver todas as possibilidades, tivemos de contornar bastantes obstáculos, mas sabe tão bem quando passa de uma possibilidade a uma realidade.

Noventa e seis horas antes...

Acordamos cedinho, - pensámos nós! - para ir ao aeroporto para renovar passaportes, [para quem não sabe, se forem atendidos até às 11h, com sobretaxa, claro, conseguem emitir no próprio dia, senão no dia seguinte e assim sucessivamente] mas esquecemos-nos de um pormenor, especialmente nós, portugueses, deixamos tudo para a última, e éramos nós, e mais setenta pessoas à nossa frente, o que significa que tivemos de adiar o próximo passo, os vistos,  para o dia seguinte, o que nos deixava sempre apreensivos, até porque corríamos contra o tempo, e tínhamos somente aquele intervalo de datas estipulado como possível, nem mais nem menos. Ao mínimo imprevisto, e tínhamos de cancelar a viagem. Impacientes, mas esperançosos.

Setenta e duas horas  antes...

Alinhava o relógio nas 16h, quando inquietos fomos levantar os nossos tão desejados boletins de viagem imaculados e a gritarem por carimbos! Festejamos discretamente e seguimos viagem até aos vistos.

Adorei a forma eficaz e competente de como nos trataram dos vistos, como deve de ser e sem complicações, sem garantias, prometeram tentar no dia seguinte, e como o que tem de ser tem muita força, estava tudo resolvido a quarenta e oito horas da data prevista da partida. Só aqui, pudemos oficializar a viagem. Tudo a postos, os nossos desejos tornavam-se uma realidade.

Vinte e quatro horas antes...

Escusado será dizer que tínhamos de deixar tudo organizado para que a nossa semana no continente asiático fosse pacifica, trabalhamos juntos, e era uma dupla ausência na empresa, e estas horas que antecederam foram uma correria, uma canseira e claro, um êxtase total.

Chegava a hora de arrumar malas, trocar euros por libras e por yian´s, e uma serie de outros detalhes, que deveriam de ter sido tratados com maior antecedência, mas que, pela incerteza até à ultima hora, achamos por bem, ser cautelosos. 

Chegamos as 5h14 ao aeroporto de Lisboa...e tudo começou.

Check in ´s , porque levamos mala de porão, mesmo que pequenas, existindo escalas longas achámos mais pratico e andávamos só de mochilas com o essencial. 

Viajamos pela British Airways, que fez justiça à tão conhecida pontualidade britanica, com voos impecáveis e sem nada apontar, pouco passavam das 10h quando chegamos a Heathrow, Londes, onde nos esperava uma escala de 6h, que independentemente do entusiasmo com que se viaje, parecem anos. 


16h15 embarcávamos para Pequim...  Aterramos às 09h57m (hora local) 

A nossa aventura em território chinês, começou logo à saída do aeroporto mais bonito que já estive

Estávamos cansados, optámos por ir de táxi, o meio mais prático e cómodo, depois de tantas horas passadas desde a saída de casa, e assim seria, se não houvesse uma barreira maior que a sétima maravilha que eles detém, a língua. 

Para os nativos do país, é impossível comunicar com qualquer turista, senão na língua mãe. E sejamos realistas, não a mais fácil de aprender num manual durante a viagem, e anda assim, eu tive meses de aulas, mas devo de ter faltado aquela onde simplesmente se aprendeu a dizer: Hotel!

Posto isto, o senhor do táxi, perante a minha brochura do hotel, passou-se, começou a barafustar e bater na parte de cima do carro, não percebíamos se estava chateado ou ofendido e sem que tivéssemos conseguido perceber, aparece a policia que fala pelo intercomunicador não sei com quem também num tom de poucos amigos. 

Ainda só tínhamos colocado dois pezinhos no território e já tínhamos inimigos.

Apreensivos, mas não sei se era do cansaço, só nos apetecia rir, porque era surreal, aparece uma rapariga que olhou para o minha cábula, dá umas indicações ao senhor raivoso, eu diria uma frase, olha para nós e diz: não se preocupem, já está tudo resolvido. Agradecemos e seguimos viagem.

Com quarenta graus na rua e outros tantos dentro, com o condutor mais estranho de sempre que batia ferozmente no volante a cada cinco minutos, - devia de estar atrasado para ir para algum lado não sabemos - e nós embora parecesse que estávamos num filme do Jackie Chan, resolvemos desfrutar.

Chegamos ao hotel, sãos e salvos.

Subimos até ao décimo sexto andar do edifício, num quarto que surpreendeu bastante, pela positiva com uma vista igualmente surpreendente.

Amanhã, conto-vos como vivemos a cidade que foi tão nossa naquela semana, e ainda, como fui famosa, o que foi provavelmente a maior aventura de toda a estadia.



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Poderes, quem não os tem.

Chegada de uma das melhores e mais surpreendes férias, ainda meio atordoada pelo Jet lag, mesmo tendo hibernado muitas horas seguidas - e não digo o numero exato para não chocar - com umas pernas de elefante, unhas negras de tanto andar, e ainda, uma amigdalite, consegui um pós-tudo-de-muito-mau, torna-lo ainda pior. Poderes que me foram confinados, sabe-se lá porquê! 

Resolvi fazer um peeling à mão direita - informo que complica bastante quando se é destro.

Estava eu num almoço de família, pronta e a salivar para uma massa de peixe - relembro importância de vos recordar que chegava da China, e de toda uma alimentação limitada (partilho mais tarde)  - e quando chega o tão esperado momento de servir, o caldo borbulhava, emanava um misto de coentros e hortelã que aguçava todos os meus sentidos, e eis que, levanto o prato, recolho e volto a colocar estrategicamente  para mais uma concha, num impulso certamente provocado pela gana que me assombrava, e entorno tudo para a minha mão que fez conchinha na palma e escorreu para as costas, escusado será dizer que congelei sem perceber ao certo nos primeiros cinco segundos o que estava a acontecer, com toda uma mesa em pausa, incluindo o staff que estava por perto, sem reação.

Seguiu-se toda uma alteração logística, e uma recuperação dolorosa, que não vale a pena relembrar.

Resumindo, uma mão inapta durante duas semanas, mas que agora está tão perfeita que tenho uma mão real e uma mão com aspeto de quinze anos - ainda não percebi bem o que sinto em relação a isto, tenho de me familiarizar com o ocorrido.

Contudo, estou de volta e com posts a saírem todos os dias.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

A Solteira está nas nuvens...

Não foi planeada com a devida antecipação... mas era a viagem desejada.

Passaportes sem validade e necessidade de vistos foram os primeiros problemas, resolvidos em pouco mais de 48h, Querer, tem tanto poder!

Valoriza cada dia, o amanhã? É amanhã.

Alguém arrisca um destino? 😉



segunda-feira, 6 de agosto de 2018

1 ano, 3 meses e alguns dias depois…

Este foi o tempo que durou o meu luto.

Luto é luto. Não aposto no errado à espera do certo.

É o tempo a que me dedico só a mim, meto as ideias no sítio e tento fazer um acordo com o coração. Sucede um caminho duro e doloroso, em que o tempo costuma ser o melhor aliado. Não há hora nem momento certo para dar como concluído este processo, nem há um despertar em que tudo se resolveu, mais parece um download numa zona refundida no interior, com muiiiito pouca rede.

Os motivos que deram lugar à perda - porque o romper de uma relação, seja ela qual for, é uma perda, e tudo o que motivou aquele murro na mesa final - influenciam o percurso. A necessidade de repor os valores da auto-estima, da confiança, e a esperança de que há,  lá fora um mundo à nossa espera.

A meio do processo, tentei desfocar-me, mas no fundo, sabia que era um interesse forçado, e por isso, porque sou transparente no que toca a sentimentos, percebi que não encaminhei as coisas da melhor maneira, e claro, só reforcei a necessidade de prolongar o meu luto, no seu mais puro sentido.

Analisando friamente, ou conscientemente, esta necessidade de introspecção é a defesa que tenho para encarar fases menos boas, a todos os níveis. Mas também acredito que com os contratempos aprendemos e reajustamos prioridades e pensamentos. Valorizamos pessoas. Rebuscamos o melhor de nós.

Arrisco-me a dizer que durante este ano, três meses e alguns dias, não me lembro de uma abordagem que me fizesse balançar, provavelmente pela força de um passado-fantasma que teimava em reaparecer sempre que eu ousava pensar que não mais o iria fazer. Acabei de chamar "fantasma", acho que posso considerar uma evolução!

Perdi a noção do tempo. Sinto-me saída de um retiro, sem nunca ter estado em algum. De peito cheio inspiro esperança e expiro tranquilidade.

Não sei se o processo está devidamente concluído, sei que me sinto preparada para espreitar - a medo, confesso! - o que se passa lá fora. Do outro lado da muralha - qual muralha da China!! - em que me coloquei para fazer frente a todo um procedimento de desapego. Quem sabe, não há uma fenda, prestes a ser descoberta…

Quero muito acreditar que, a magia que se ama, é directamente proporcional à ordem pela qual as pessoas entram na nossa vida. Foi assim até à data...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Não venhas tarde...

Há pessoas para as quais devemos de ser anjos – sem sexo – subentenda-se. E eles para nós, uns diabos, em que os pensamentos imaculados não são - de todo - os mais frequentes.

Conheço-o há muitos anos, tantos que se tivessem corpo estavam à beira de atingir a maioridade. E desde que o vi, nunca me foi indiferente. 

Sem explicação, porque estas coisas não se explicam. 

A vida segue sempre um rumo, não importa se correcta ou incorrectamente, mas não pára. E as nossas vidas sempre seguiram caminhos diferentes, mas quando nos cruzamos, a minha mente vagueia no mundo dos “ses”.

Continuo a achar, que se eu mandasse no destino, muito provavelmente fazia com que o nosso se cruzasse de uma forma bem mais romântica.

O destino deu-nos uma chance, testou-nos, e uma vez mais, chumbamos.

Os convites eram tão bem articulados que era impossível recusar.

Os passeios pela nossa Alfama, desabitada pelo tardar das horas, depois das tascas fecharem, cansadas de mais uma noite da nostalgia bem-fadada que só os amantes do fado compreendem. Noites cheias de histórias e sorrisos. Mas ainda assim, sem qualquer indicio de reciprocidade além da amizade que nos une. Por vezes, só isso é uma bênção. Outras vezes, sabe a pouco.

Na hora da despedida, ele tinha ainda mais encanto… 

No meio dos pensamentos pecaminosos que me vagueavam a alma, tremia. Ansiava pela próxima saída e prometia a mim mesma que ia confessar, o que nem às paredes se confessa. Recuei. 

Para não variar, ele seguiu o caminho dele, e eu seguirei o meu. Receio que chegue o dia em que perceba, e seja tarde demais.

E de repente, fez-se silêncio, como se se fosse cantar o fado.