terça-feira, 15 de abril de 2014

Amigos - pouco - coloridos

Num jantar em que por certo, muitos bons rapazes ficaram com as orelhas em chamas, a conversa fluía de uma forma maravilhosa, o relógio e os telemóveis não existiam e tudo parecia perfeito. Até que o tema foi aprofundado e no meio dos vários testemunhos percebi que há quem não se sinta nada confortável com o actual estado civil. E que lidam da pior maneira possível com o assunto. A meu ver, devemos de gostar muito de nós. Relembro a velha máxima de que: “se não gostarmos de nós, quem gostará?”

Há um grupo de pessoas que lida bem com os amigos coloridos, que os têm com plena noção de que é tudo muito físico, embora haja mesmo carinho entre as partes, mas que por algum motivo – dos mais variados – não avançam para outro nível. As que perdem - ou ganham! - o controlo e que acabam na Igreja. E as que não lidam nada bem com estas modernices. E é neste último grupo que me vou focar.

A vulnerabilidade faz com tenham comportamentos contra natura. São mulheres inteligentes, realizadas profissionalmente, bonitas, que tinham tudo para estar de bem com a vida. Não fosse esta não lhes facilitar a única coisa que elas desejavam: uma relação. Elas só se querem sentir amadas e acabam por se sentir usadas. Ouvi relatos de situações impensáveis neste mundo tão avançado tecnologicamente para umas coisas e tão parado ainda para outras. Uma nuvem negra mudou a paleta do arco-íris destas mulheres tão fortes aos olhos dos outros e no fundo tão frágeis.

Frágeis, porque se sentem carentes. Não por inocência. 

Quase todas acabavam com “mas sentia-me sozinha”. Compreendo. Feliz ou infelizmente. Mas do que adianta ter companhia para um par de horas se no fundo não é o que queriam? O desespero – ou a pressa – nunca foi amiga da perfeição. E uma relação forçada certamente não será a parceira ideal. O "não" é um direito que nos assiste. 

Refiro-me particularmente as mulheres, muito provavelmente também acontece com o sexo oposto. Mas tenho a ideia de que a nível sexual os homens estão mais resolvidos. Se usados, lidam melhor com o assunto.

O mundo virtual tem inúmeras vantagens. Eu escrevo de onde me sentir confortável, de pijama, descabelada. Não importa. É onde me apetece. Conforta-me e leva-me para longe. E essa a minha filosofia. Faço o que me apetece. Não o que querem. É uma das vantagens! Não sou nenhuma santa, nem quero vender essa imagem. Sou uma mulher, ciente das decisões que tomo. Tomo-as com a liberdade que me é permitida. E durmo de consciência tranquila e de alma lavada.

Não está na mão de ninguém, só na vossa. 

A carência torna-as alvos fáceis. Quando o que procuram é tão-somente um colo. Um abraço. Um beijo!  

10 comentários:

  1. excelente texto. Real e moderno. Acho que todas as mulheres, inclusive eu, ja passamos por algo semelhante. Sou excelentes em tudo, exceto em manter uma relaçao. e tantas vezes pensei, será que sou assim tao má pessoa? fica este pequeno desabafo =)

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  2. Se existe alguma característica distintiva nas pessoas - bem resolvidas - é a de saberem que são elas as protagonistas da sua própria história e que, aconteça o que aconteçer, é a elas que cabe todas as decisões e resoluções da sua propria vida.
    É a elas que cabe mudar a sua sorte - é a elas que compete tomar conta de si.

    As pessoas bem resolvidas não são, necessariamente, as mais inteligentes, as mais bonitas, ou as que têm mais sucesso profissional ou emocional.

    São as que tiveram perdas significativas, experiências dolorosas e continuadas.
    A diferença em relação a outros, é que aprenderam com isso e - usaram os acidentes de percurso, não para se instalarem, para sempre, numa frustração azeda nem uma desculpa crónica para todas as coisas que correm mal, mas antes - tentaram dar a volta por cima e conseguiram.

    Ser bem resolvido quer apenas dizer - estar bem com a vida - gostarmos mais de nós do que qualquer outra pessoa! Para se estar de bem com a vida, tem de se estar - bem consigo mesmo, e possuir uma atitude aberta e honesta ao que há e ao que há para vir.

    Não é fácil, mas é bom - Muito bom!



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  3. Aha... Olhem sou oum jobe de binte xinco anox, e debo dezere que... como home... por bezez támbém me seinto sozeinhoe... =P Mas só por vezes! Quando os dias são tão preenchidos que mal temos tempo para nós, nem se pensa muito nisso... É possível que sejamos mais resolvidos que as mulheres, não tenho certeza. De qualquer modo, por vezes temos que tentar fazer as coisas acontecerem não chega sempre ficar à espera, acho... Mas amigos "coloridos"... Hell no. Santana says: "Give me your heart, make it real. Or else forget about it."

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  4. Nunca tive um amigo colorido nem me imagino a tê-lo. Deve ser tudo tão vazio. E tenho uma visão muito própria do meu corpo e intimidade. Não me imagino a expô-lo sem sentimentos associados.

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  5. Gostei bastante do texto e identifico me com ele não num todo, porque consigo ter um amigo colorido que foi em tempos meu namorado e agora estou bem assim com uma amizade colorida que para mim é bastante saudável pois vai ao encontro do que quero agora neste momento na mina vida. Concordo em pleno com o Peter Pan. Eu não poderia ter escrito melhor. Não é fácil, mas é muito muito bom!

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  6. Este é um assunto que, neste momento, me é particularmente ingrato. Sempre fui absolutamente contra as amizades coloridas - nunca tive nada contra quem as escolhe ter, mas para mim nunca foram o caminho a seguir - mas, neste momento, sinto-me vazio. Estou quase, quase nos 30, há um ano que saí de uma relação que ainda não ultrapassei e não vejo a luz ao fundo do túnel. Começo a questionar-me se será assim tão mau adormecer o vazio emocional com algo mais palpável e imediato. Não sei se as saudades do calor humano, espiritual ou intelectual, poderão ser combatidas com o calor humano, carnal e visceral.

    Mas, e como bem dizes, o "não" é um direito que nos assiste. Assim como o "sim". No fundo, a escolha é de cada um, e se ambos souberem ao que vão, não vejo problemas.

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