segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Amsterdam I love You!

Entusiasmada é pouco para descrever o sentimento que me invadia aquando da hora de fazer as malas. Queria tanto virar as costas à monotonia e os motivos eram mais que muitos. 

O entusiasmo manteve-se durante todo o trajecto. A curiosidade aumentou quando anunciaram a descida, e pouco depois estava oficialmente em terras Holandesas. Altura de encarar a zona de desconforto - penso sempre que dar barraca acompanhada é mais divertido. No entanto, facilmente apanhei o comboio e em pouco mais de 15 minutos estava na Amsterdam Centraal. Sai e bati de frente com a cidade, o termómetro roçava os negativos.




Amesterdão é sinónimo de liberdade. Liberdade total!

Não importa a cor ou a língua oficial, olham-nos exactamente da mesma maneira. Se nos vestimos bem ou nos entronchamos com o frio, para eles é indiferente. Todos diferentes, todos iguais, devia de ser o slogan. Embora tenha ficado com a ideia de que o frio gela os holandeses, por outro lado também acho que os conserva, são lindos de morrer e elas lindas de fazer inveja. 

Nos primeiros dois dias, tropeçava nas bicicletas, e estava mesmo a ver que ia conhecer ou dar a conhecer as instalações do hospital mais próximo. Eram rápidos e bem mais os adeptos das duas rodas sem motor do que aqueles que eu pensava. Sorte a deles - e a minha - que formatei o chip para me lembrar que eles existiam, e reconhecer o tlim tlim tliiiiiim constante das campainhas, antes da desgraça. Os silos automóveis dão lugar às bicicletas e o comum estacionamento transformasse noutro cenário - bem mais económico e saudável, reconheçamos.


Deliciei-me com as paisagens - especialmente com os canais. Vivi a cidade do ponto de vista dos locais. Fui a festas privadas e conheci pessoas de diversas nacionalidade, incluindo portugueses - em contagem decrescente para virem recarregar baterias no Natal, matar saudades e voltarem para o país em que resolveram apostar, por força das circunstâncias. Fui a bares em que de fora, numa rua com bastante animação e letreiros cintilantes, o destino era o único local que não tinha qualquer identificação, seria o último em que entraria sem a minha "guia", e teria sido um desperdício.


Passeava até que as pernas pedissem socorro e os ossos gritassem pelo calor de um qualquer espaço aquecido. E ai, foram muitas as agradáveis surpresas, Os espaços eram unânimes na decoração e no espírito. Provei as especialidades e tradições. Conheci os mercados. Maravilhei-me com a vista de dois cafés situados nos pontos mais altos e em diferentes locais. Vivi cada dia, para mais tarde recordar.





Inspirei toda a liberdade que me foi dada em terras desconhecidas, mas que me conquistaram.


Conheci a famosa Red Light Street que é ver para crer. O que me espantou não foi o conceito, foi mesmo a procura. Passo a explicar: é uma rua como tantas outras tirando a parte em que em vez de souvenires expostos, temos montras da largura de uma cabine telefónica, com camas ou sofás como pano de fundo, em que as independentes trabalhadoras estão expostas - com lingeries mínimas - à distância de um vidro, para quem as quiser "manusear". No entanto, se a cortina vermelha estiver fechada, é porque alguém foi mais rápido. De entre autenticas Barbies, haviam reais aberrações. A parte que me deixou boquiaberta, é que se eu fosse à procura, apostava nas beldades, que ao contrário do que pensava, não era a boneca mais vendida do mundo, mas o terror que morava ao lado - celulite, rugas, triplos pneus e idade avançada, parecem fazer as delicias dos senhores. A agenda delas - dizem as más línguas - já avizinham um ano cheio de trabalho. 

Ao contrário do que possa parecer, também fiquei com a ideia de que é uma cidade romântica. Uma espécie de Veneza moderna. Promessas de amor seladas com cadeados nas pontes. Passeios de bicicleta pelos jardins e quintas localizados nas principais artérias da cidade, tornando-a saudável, mesmo com toda a liberdade conhecida. 


Senti-me familiarizada o suficiente para percorrer as ruas na companhia dos desconhecidos que se cruzavam comigo. Daqueles que nunca mais voltarei a ver, mas que naquele momento preencheram o meu dia, e fizeram com que não me sentisse - nunca - sozinha. É uma cidade fácil de entender. Dá vontade de parar a cada recanto e observar.

Confesso que gostava de lá voltar, talvez na altura das festas da Rainha, no final de Abril, a cidade com mais uns graus é certamente mais convidativa para a rever e ver as minhas flores preferidas em flor.  De preferência noutro contexto, quero poder partilhar.

E não podia deixar de referir o quanto é bom a km´s de distância, no lugar mais comum como uma estação de comboios ou numa paragem de eléctrico ou simplesmente a caminhar na rua, ouvir falar português. Semelhante à parte em que dizem "bem-vindos ao aeroporto internacional de Lisboa". Eu adoro viajar, mas gosto muito de voltar e abraçar quem me espera.

Moral da história: esta viagem só vem provar que há males que vêm por bem. 

2 comentários:

  1. gostei da parte:

    "Senti-me familiarizada o suficiente para percorrer as ruas na companhia dos desconhecidos que se cruzavam comigo. Daqueles que nunca mais voltarei a ver, mas que naquele momento preencheram o meu dia, e fizeram com que não me sentisse - nunca - sozinha. É uma cidade fácil de entender. Dá vontade de parar a cada recanto e observar."

    Sair da zona de conforto, ir para um sítio longíquo, desconhecido... e sentir isso é fenomenal =)
    pelo menos uma vez na vida, bem que gostava de sentir isso também.
    Parabéns pela viagem e obrigado pela partilha

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  2. Partilho com todo o gosto. Obrigada por ler. :)

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