Meados de Abril de 2014
Já era final do dia, a alemã - que já nem sei o nome -
tinha chegado, penso que na véspera, e estava desejosa de conhecer a noite lisboeta. O combinado era nos encontrarmos na casa da amiga comum, e seguiríamos
as três para um simpático restaurante onde se juntaria um quarto elemento.
Mas antes, mal me abriram a porta, convencera-me e instalaram-me
aquela aplicação que começa por T acaba em R, e tem como objectivo cruzar
pessoas, verdade seja dita que não sou apologista dessas modernices, desconfio
de tudo e de todos, mas dadas as circunstâncias e o entusiasmo da alemã, não
tive sequer tempo de pensar, nem tão pouco percebia o funcionamento, não quis
parecer obtusa e permiti.
Pelo caminho, foi-me a explicar o procedimento, mas
como aquilo mais parecia a montra de um shopping, eu dizia “não” a todos,
porque me pareciam pouco fiáveis e demasiado “capa de revista”, a aplicação em
vez de me chamar esquisitinha, informou-me: “não tem mais contactos no raio
pretendido”. Acatei.
Ela percebia português com música - brasileiro!
Conversa puxa conversa, e ao nos apresentarmos - só
uma conhecia todas - com o tinto que por si só fazia de desbloqueador, descobri
que tinha uma amiga em comum com a última rapariga que se juntou, e lá se foi a
harmonia.
Vinha do trauma das minhas piores férias de sempre -
num cenário que merecia ser carinhosamente relembrado - e sem perceber muito
bem, entrei em modo non stop,
esqueci-me completamente de falar em slow motion para que a amiga da Merkel não
me considerasse a pior experiência por terras lusas.
Devia de estar a fazer um esforço tão grande, tal foi o
excesso de informação, que a seguir ao jantar, passamos por um bar e rumamos a casa,
ao que parece foi um jantar traumático, nem tive direito a uma segunda
oportunidade, noutros tempos ter-me-ia metido na câmara de gás sem pensar duas
vezes.
Dias depois, já sozinha, num daqueles dias em que tudo
corre mal, resolvi aumentar o raio de acção sugerido pela aplicação e foi ai que tudo
começou.
Moral da história, esta rapariga só entrou na minha
vida, para basicamente me instalar a aplicação que viria a mudar a minha vida,
porque foi através dela, e da curiosidade pela excitação que ela emanava que me
fez conhecer o verdadeiro amor, enquanto sentimento. Embora achasse que sim,
nunca antes tinha sentido amor por alguém. Amor puro, daquele que se quer para a vida.
Há pessoas que passam pelas nossas vidas, porque sim.
Obrigada querida (i)nimiga.
Sem comentários:
Enviar um comentário