Meados de Maio de 2014
Lembro-me que o dia tinha corrido pessimamente e questionava o Universo
pela fase tão má que estava a passar.
Contei o episódio Puro Amor - Parte I à minha confidente, e ela, entusiasticamente comentou: acho
espectacular essa aplicação, nas nossas idades é tão difícil conhecermos
pessoas, que pode ser vantajoso, não tens nada a perder.
Fiquei a pensar...
Ganhei coragem, abri a aplicação, aumentei o raio de acção - sendo que já
tinha esgotado uns bons quilómetros - mas o método estava semelhante, deveria
de estar a excluir com tal rapidez e raiva - no fundo não queria nada daquilo -
que o meu mano, ao meu lado me perguntou porque estava tão enfurecida com o
telemóvel. Contei do que se tratava. E ele disse, muito calmamente, porque não
tentas respirar entre cada pessoa que aparece, vês com mais calma e quiçá
decides com mais serenidade. Pareceu-me tão lógico, que assim fiz.
Quatro foram as pessoas a quem disse sim. Quatro foram os “matchs”. Três
deles, pouco mais falamos além do “de onde és” e “o que fazes”, a fazer lembrar os velhos
tempos do mirc. O único com quem a
conversa se prolongou, foi com Ele. A conversa fluía, e desde o primeiro dia, foi diferente...
Dias mais tarde, o meu cúmplice, anos mais novo, perguntou-me o ponto de
situação - em tom de brincadeira. Respondi que estava a falar com alguma frequência
com um rapaz que, contra todas as expectativas me parecia interessante, desta
vez, em tom de protecção exigiu: mostra lá para ver se aprovo. Qual o meu
espanto quando o reconhece. Tinham-se cruzado, recentemente, numa paixão comum. E
foi esta corroboração, que me fez acreditar que podia ser a excepção à regra,
mesmo no estranho mundo em que tudo mais parece uma ficção do que a realidade.
Passaram umas semanas.
A minha curiosidade era aguçada a cada troca de mensagens, o meu coração
palpitava a cada sonido de chegada de mensagem, precisava de o ver pessoalmente,
embora me fizesse de difícil, estava mais do que ansiosa, estava desejosa.
Chegou o dia.
Combinamos à última da hora, ambos tínhamos um jantar e quando saí
perguntei se estaria por perto ao qual respondeu: em dez minutos estou ai.
Esperei no local combinado. Os dez minutos pareciam uma eternidade. Só pensava
que estava completamente apaixonada por alguém que nunca tinha visto, e que nos
próximos minutos tudo podia acontecer, ou me arrebatava ou me desiludia. O
carro parou atrás do meu, saiu do carro 1,90 de homem, aproximou-se de mim, que
esperava petrificada, completamente embevecida pelo que via. Chegou ao pé de
mim, e deu-me o abraço mais apetecido de que tenho memória. Teceu-me os mais
rasgados elogios, e verdadeiros ou não, foi a massagem que precisava ao meu ego.
Pelo tardar da hora, combinámos que nos víamos noutro dia num encontro menos tardio, mas movidos pelo momento, num ápice passaram dois pares de horas, a
conversa não esgotava, o sentido de humor inteligente prendia-me cada vez mais,
e o meu coração percebeu que, a vivência até ali, não era nada comparada com o
que estava prestes a acontecer.
Os dias que se seguiram, foram de medos e inseguranças. Não me queria
magoar e percebia que me estava a deixar levar pelas emoções.
Arrastámos este romance por três anos.
Durante este tempo, duas vezes foi, duas vezes voltou.
Sempre que reaparecia, contrariava as minhas convicções e cedia, de coração
e braços abertos para o acolher novamente. Voltava ávido de saudades, de forma
sentida.
Sempre fui verdadeira, mas confesso que omiti duas coisas durante este
tempo, foi este blogue, só assim mantinha a liberdade de escrever. E o facto de
estar perdidamente rendida, ao ponto de ter a certeza que nunca amei antes, não
com a intensidade, a certeza e a serenidade que a maturidade me permite. Foi intenso.
Foi verdadeiro. Foi puro. É Amor.
Aconteceu uma terceira…
Que seja o que tiver de ser. E se não for mais nada, o que vivi, ninguém me tira.
Boa sorte 😘
ResponderEliminarObrigada!Beijinhos <3
ResponderEliminarRevejo-me nas suas palavras...
ResponderEliminarChoro ao lê-las, pq tenho o mesmo sentimento. Veio e foi (comigo apenas 1 vez) e agora reapareceu passado uns meses. Nunca amei antes, como o amo, e o medo de me voltar a magoar e a perder é enorme!
Vive intensamente cada minuto. Porque isso, ninguém te [nos] tira, aconteça o que acontecer! Vive sem medos!!! Beijinhos e tudo de bom!
EliminarSou um pouco avessa a essas aplicações e nãoconsigo inscrever-me em nenhuma, mesmo nesta idade que tudo é escasso de "boas opções".
ResponderEliminarNo entanto isso de conhecer "O" amor de uma história de três anos e do vai e vem é qualquer coisa que me soa a "dejá vu". E no fim, que foi o fim (para já) também refleti no mesmo, o que vivi ninguém me tira e foi ele talvez o único que senti aquilo que raramente quis acreditar que se possa sentir. E quando certas coisas acontecem às vezes vale a pena não desistir, pelo menos que seja bom enquanto dure...
É complicado desistir, quando a verdadeira vontade era continuar. Mas aconteceu, é aceitar. E que seja o que tiver de ser. Ao menos sabemos o que o sentimento mais puro que existe. : ) Beijinhos!!
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