terça-feira, 21 de outubro de 2014

Longe da perfeição...

Tenho a mania que sou uma fada do lar. Depois, quando alguma coisa me corre menos bem, fico furiosa! Do género: Imaginem uma camisa nova que vão passar antes de estrear e não repararam que o ferro estava quente demais para o tão sensível tecido e só percebem naqueles escassos segundos em que vêm um fumo estranho, uma espécie de pó no ar e plim faz-se luz! A medo levantei o ferro de engomar que - sem culpa - me estragou o dia e é a constatação. A imaculada camisa mudara de design.

Teimosa como sou, vesti o raio da camisa assim mesmo. Com uma blusa sobreposta, o figurino estava composto, ninguém repara e pelo menos ainda desfilo a nova aquisição - pensei. Com um sorriso no rosto de não vencida - lá fui. 

Arrependi-me no momento em que me sentei no carro. Mas sou forte - debatia comigo mesma.

Até que senti um comichão e um incómodo - tão grande - de ter aquela pasta caramelisada nas costas, que para além de castigo, ainda descobri a minha costela masoquista que nem por um minuto me permitia esquecer o feito matinal. A meio da tarde, descobri que quanto mais direitinha tivesse mais me conseguia abstrair - e evitei sentar-me - houve alturas que passei cinco minutos sem arranhadelas. Vantagem: Postura!!

Ah!! O alivio que foi despi-la.

Conclusão: Não sou teimosa, sou é parva! E - especialmente hoje - longe da perfeição! 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Estranho modo de vida...

Tantas são as vezes que dou por mim a divagar em assuntos que não sei como intitular. Outras vezes, há temas tão simples, que não me apetece chamar-lhe pelo nome próprio. Penso muitas vezes que tenho um estranho modo de vida. Mas ainda assim, não consigo ser diferente. Defendo os meus ideais com todas as forças. E há uma palavra que não consigo compreender: a infidelidade.

Recordo-me de haver alturas para tudo. 

Os morangos, as cerejas, a melancia, a meloa e o melão recebiam o Verão. As laranjas prevenirem as doenças de Inverno. As castanhas em meados de Outubro e Novembro, significava que o São Martinho estava para breve. Só havia bolo Rei à venda pouco antes do Natal até ao dia de Reis. E tudo tinha outro sabor. Agora, comemos tudo quando nos apetece, sempre que nos apetece. E isso, faz com que não tenhamos de esperar pela a sua época. Bem ou mal-ditas estufas. Evoluções e modernices.

Assim são as relações modernas: despidas de preconceitos. Sem esperas. Longe das expectativas de outros tempos. Conhecem-se primeiro os sinais cravados pelo corpo, antes dos sinais da alma. Damos - literalmente - o corpo as tentações antes de dar o coração. 

E se a liberdade é tão grande, porquê trair? 

Nunca traí, mas já fui traída. Agora à distância - uma mão cheia de anos - tento ver com maior clareza. Recordo-me da revolta e da bagunça emocional. Sentimentos que até tento compreender que se perdoe quando se tem um casamento e filhos. Que se tente dar uma segunda oportunidade. Se entenda como um deslize. Mas quando não se tem nada disso, nem contas em comum - laços - não há sentimento que resista à desilusão. Não perdoo nem a traição de um amigo, muito menos de um Amor. Mas o que era mesmo difícil de perceber era o porquê?! Porque não me tinha contado, alertado e tratávamos de tudo a bem, com uma declaração amigável - como quando batemos sem querer no carro de alguém. Podemos desgostar - é legitimo. Errado é, quando damos o outro como seguro - contra todos os riscos! E achamos que podemos tudo - até actos de vandalismo (emocional).

Pior, é que vislumbramos sempre - a outra - como uma super mulher, com poderes desconhecidos e ainda ficamos a perceber menos quando vemos a imagem. Sim, porque mulher que é mulher, não descansa enquanto não sabe como a dita é fisicamente - com os homens é igual. Antes fosse um mulherão daqueles de parar o trânsito, um poço de cultura e bem falante - daria o braço a torcer. Como raramente isso acontece, pergunto se valem a pena: os riscos, a adrenalina, as emoções à flor da pele e o desassossego? As mentiras e os jogos? E o esforço físico? - ah valentes! E o arrependimento? E mais - tanto! - a perda de confiança da legitima? E a perda total? - sem indemnização por parte da seguradora. 

Evitem magoar e descredibilizar quem vos ama. Sejam honestos. Teria em grande estima, consideração e nutriria um profundo respeito por quem fosse sincero, mesmo que me devastasse emocionalmente. 

E um dia, quando nos cruzássemos,  pensaria: despedaçou-me, mas foi um grande Homem. 

Não digo "nunca farei" porque já o disse noutras circunstancias e mordi a língua. Mas é das poucos coisas que arriscava a cuspir para o ar, e sem falsos moralismos, dificilmente me cairia em cima. 

Contudo, se tiver uma aventura, ao menos que valha a pena - já dizia o grande.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O meu dia!

Era uma vez, uma adolescente com 16 anos que ficara grávida, estávamos no inicio dos anos 80.

Embora não fosse raro, havia sempre a alternativa - a anos luz da liberalização! - e essa fora colocada na mesa. Mas quando esse dia chegou, pediu a uma força superior que a ajudasse a tomar a decisão acertada e na hora da incerteza pediu que se não tivesse de o fazer que lhe desse um sinal. No mesmo instante, começou a chover. Coincidência ou não, foi graças a uma tempestade que cá estou.

Este é oficialmente o meu dia.

Nesta data, é inevitável fazer a retrospectiva do Passado, analisar o Presente e formalizar os desejos para o Futuro. É obrigatório meter na balança - na minha! - os aspectos positivos e negativos. Este ano em particular, foi uma dura batalha, pessoal e profissional, superada da melhor maneira possível. E foi no meio desta guerra - num fogo cruzado - que nasceu o blog - uma das melhores recordações dos já passados trinta e três. 

Seria muito ingrata para com a vida, se dissesse que fora madrasta comigo. Por isso, vou simplesmente agradecer a maior dádiva que alguém pode ter, a oportunidade de viver - literalmente. Acreditar que terei muitos e muitos anos, com o que de melhor ela tiver para me oferecer e enfrentar o que de menos bom me contemplar de vez em quando. Agradecer também aos que me rodeiam - de coração aberto - e me aceitam como sou. Aos que sem saberem através dos gostos, comentários e mensagens me enriqueceram - bem mais do que possam imaginar.

Gosto que seja um dia carregado de carisma. 

No entanto, a importância que ganhamos neste dia deixa-me desconfortável. O telefone toca o dia inteiro e repetimos o tempo todo "Obrigada! Muito obrigada!" e o sorriso vem naturalmente anexado a cada telefonema - até deixam uma dor `boa´ nas bochechas.  

Pensando  bem, é a palavra mais correcta: obrigada! Um bem-haja a todos os que fazem genuinamente parte da minha vida, não teria gracinha nenhuma sem vocês!

De madrugada, ao fechar a janela pingava grosseiramente. Sabe-se lá porquê acho sempre que a chuva - só neste dia - é um bom pressagio. Ao abri-la o mesmo cenário. Espero que seja a confirmação de que se avizinha um excelente ano.

Aniversário molhado, aniversário abençoado. 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Querido Outubro!


Pensando bem, viver é uma tarefa complicada. 

Se há pouco tempo atrás, o tempo me fugia entre os dedos, tal era a azafama. Agora, sem motivos de força maior, o tempo sobeja. Será uma partida - de mau gosto - do destino, ou uma oportunidade ainda não aproveitada?

Na dúvida, resolvi dar tempo ao tempo e aproveita-lo da melhor maneira. A meu favor: a minha estação e mês preferido. Porquê? Porque é o meu. Contra: Nada.

Este calor temporário - de fazer inveja a alguns dias de Verão - faz-me ansiar pelos dias mais frios, pela forçada mudança de roupa - tão mais elegante e variada. E os cheiros! Ai os cheiros da terra molhada e das castanhas! Dos agasalhos e casacos! - Adoro casacos. Das botas! - adoro botas. E collants! - uma perdição. É uma estação charmosa e equilibrada. Provavelmente contribui para isso a balança que a representa, a dose certa do frio com o Sol a catrapiscar de vez em quando. 

E este regresso do meu querido Outono, remeteu-me para um período fantástico da minha tão feliz infância.  Das correrias e jogos - não, não eram na Ps 1, 2, 3 ou 4! Felizmente! E com ele, todos os valores que me passaram. Venho do nada, e por isso me incutiram a aprender a dar valor a tudo. Às mais pequenas coisas. Princípios que, aconteça o que acontecer, não podemos permitir que nos roubem e de preferência que não tenham de ser  relembrados.

Para que, independemente das circunstancias da vida, nos possamos defender com sensatez, boa-educação e com a humildade necessária. Ou ofender, com a mesma base. Não perdoo que me chamem de "mal educada", nem que indirectamente, porque quando o fazem, não só ofendem o preceito moral associado como quem tanto se esforçou para solidificar esta estrutura que tanto prezo.  Não sou perfeita e erro - oh se erro! Mas reconheço - de vez em quando. Não importa a escola onde iniciamos a nossa caminhada, mas como a acabamos. A certa altura, todos nos cruzamos. É a sociedade meus caros. É a vida.

O mesmo se passa com os amigos de infância, aqueles que para alem de perdurarem nas nossas melhores memórias e constarem no álbum das recordações - de papel, onde tocamos nas mesmas e partilhamos enquanto recordamos, com carinho. Não com a impessoalidade de uma pen - têm sempre um cantinho especial, mesmo que as vidas tenham seguido rumos diferentes. 

Não importa a classe social de onde vimos, mas os valores - não me refiro às jóias! - que perduram,  que se interiorizam com a mesma  naturalidade de quando entramos na primeira classe - sem saber ler nem escrever.  E até ai sou uma afortunada, a minha professora primária ainda hoje visita a minha mãe para saber de mim.

Vendo bem as coisas, fui bafejada pela sorte. 

Bem-vindo querido Outubro, as saudades que te tinha.