quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Querido Outubro!


Pensando bem, viver é uma tarefa complicada. 

Se há pouco tempo atrás, o tempo me fugia entre os dedos, tal era a azafama. Agora, sem motivos de força maior, o tempo sobeja. Será uma partida - de mau gosto - do destino, ou uma oportunidade ainda não aproveitada?

Na dúvida, resolvi dar tempo ao tempo e aproveita-lo da melhor maneira. A meu favor: a minha estação e mês preferido. Porquê? Porque é o meu. Contra: Nada.

Este calor temporário - de fazer inveja a alguns dias de Verão - faz-me ansiar pelos dias mais frios, pela forçada mudança de roupa - tão mais elegante e variada. E os cheiros! Ai os cheiros da terra molhada e das castanhas! Dos agasalhos e casacos! - Adoro casacos. Das botas! - adoro botas. E collants! - uma perdição. É uma estação charmosa e equilibrada. Provavelmente contribui para isso a balança que a representa, a dose certa do frio com o Sol a catrapiscar de vez em quando. 

E este regresso do meu querido Outono, remeteu-me para um período fantástico da minha tão feliz infância.  Das correrias e jogos - não, não eram na Ps 1, 2, 3 ou 4! Felizmente! E com ele, todos os valores que me passaram. Venho do nada, e por isso me incutiram a aprender a dar valor a tudo. Às mais pequenas coisas. Princípios que, aconteça o que acontecer, não podemos permitir que nos roubem e de preferência que não tenham de ser  relembrados.

Para que, independemente das circunstancias da vida, nos possamos defender com sensatez, boa-educação e com a humildade necessária. Ou ofender, com a mesma base. Não perdoo que me chamem de "mal educada", nem que indirectamente, porque quando o fazem, não só ofendem o preceito moral associado como quem tanto se esforçou para solidificar esta estrutura que tanto prezo.  Não sou perfeita e erro - oh se erro! Mas reconheço - de vez em quando. Não importa a escola onde iniciamos a nossa caminhada, mas como a acabamos. A certa altura, todos nos cruzamos. É a sociedade meus caros. É a vida.

O mesmo se passa com os amigos de infância, aqueles que para alem de perdurarem nas nossas melhores memórias e constarem no álbum das recordações - de papel, onde tocamos nas mesmas e partilhamos enquanto recordamos, com carinho. Não com a impessoalidade de uma pen - têm sempre um cantinho especial, mesmo que as vidas tenham seguido rumos diferentes. 

Não importa a classe social de onde vimos, mas os valores - não me refiro às jóias! - que perduram,  que se interiorizam com a mesma  naturalidade de quando entramos na primeira classe - sem saber ler nem escrever.  E até ai sou uma afortunada, a minha professora primária ainda hoje visita a minha mãe para saber de mim.

Vendo bem as coisas, fui bafejada pela sorte. 

Bem-vindo querido Outubro, as saudades que te tinha.

4 comentários:

  1. Concordo em absoluto. Cada vez mais convivemos e vivemos numa sociedade, que valoriza o material. Os valores, os verdadeiros valores, aqueles que nos ensinaram e que “falam” por nós, estão cada vez mais esquecidos. Não há dinheiro no mundo que compre a boa-educação ou o civismo. E na hora da verdade, perante a vitória ou a derrota, realmente quem é afortunado é quem sabe reconhecer que estas são as “jóias” mais bonitas que possui.

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  2. Uma mulher é bonita se for proporcional.

    Baixa ou alta, mais magra ou mais forte, mas proporcional nas suas formas e nos seus gostos.
    É daí que vem a beleza, do equilíbrio das partes, do enquadramento.
    Tal como a roupa que veste, têm de ser proporcional ao contexto, às estações ou alturas do ano, também a sua personalidade tem de ter proporcionalidade.

    Uma mulher tem de ter o riso proporcional ao mau feitio, a doçura proporcional à dificuldade em a entender. E a sensualidade proporcional à capacidade de, no mesmo segundo, ser também a mãe mais séria perante um filho.

    ‘E para tal não importa – mesmo - a classe social de onde vem, importa sim o interior.
    O que está la dentro, o que vem do fundo, bem do centro - da alma.
    E é esta – a tua – proporcionalidade.

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  3. Adoro o Outono.
    Também sou mega Fã de casacos e malhas quentinhas. Lareiras e mantinhas ao final do dia.
    Preso muito os valores e a educação que tive, e são eles sem duvida, que me fazem ser a pessoa que hoje sou.

    PeterPan que grande elogio à mulher. Bonito!!

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  4. Os teus textos são mesmo uma delicia de ler. Revejo-me sempre no que escreves. Sinto-me sempre tão igual nos pensamentos e quereres.
    Fiquei a aguardar para ver que tipo de comentário Pete Pan fazia a um texto tão particular da tua pessoa.
    Mas mais uma vez me surpreendeu.
    A proporcionalidade numa mulher é sem duvida o que a define enquanto ser único. E bendito o homem que a sabe entender e valorizar.

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