A manhã tinha sido atribulada mas extremamente gratificante. Merecia uma pausa para repor energias, pensar, reflectir e organizar a tarde árdua que se avistava - como eu gosto - sem tempo para respirar mas, no final do dia, o sabor a dever cumprido.
Sentada, com uma vista maravilhosa enquanto esperava uma colega de trabalho, à beira de um ataque de nervos, numa embrulhada sentimental, vislumbro uma pessoa que me parecia familiar, desolhei e fiquei a pensar de onde a conhecia. Já não sabia se era do banco, do café ou de outro sitio qualquer.
Triste foi chegar à conclusão de que era um ex namorado. Alguém de quem um dia gostei muito, e nunca pensei sentir a indiferença que senti. Muito menos não o reconhecer de imediato - mesmo com óculos de Sol - nem que fosse pelo perfume, pela voz, pelo penteado ou pelo "tique" nervoso só perceptível aos mais atentos. Certo que passaram anos, mas ainda assim, foi estranho.
Respirei fundo, bem fundo, num misto de alivio com a sensação de liberdade. Ele não me viu, ainda bem, não temos nada para falar e mesmo sem ódio, é tão melhor viver sem toxicidade emocional. Mais uma prova, de que o meu passado está tão bem resolvido.
Com um sorriso interior que não consegui conter e exteriorizei, pensei: as voltas que a vida dá. Obrigada "destino", já sabia, mas hoje reforcei a teoria de que nada acontece por acaso. E o que não tem de ser nosso, não é. Não o digo com tristeza ou mágoa, mas sim de forma esperançada e extremamente agradecida, pelo que não foi. Obrigada.
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