Acordei sem despertador. Levantei o estore e as copas das árvores
agitadas, anunciam que o Verão está prestes a terminar. Percebi, de repente,
que não dei por ele sequer começar.
Há meses que enfiei a cabeça na areia, embrenhei-me de tal
forma no trabalho, tão concentrada em não me desconcentrar para fazer frente às contrariedades que o Universo me
reservou que, num ápice, se passaram horas, dias e meses.
Uma constelação que teima em não me deixar desalinhar. E
quando me sinto a desenvencilhar do meu grande conflito interior, eis que uma
cigana (sem qualquer desprimor, mas foi assim que a Senhora me abordou) se atravessa
no meu caminho, em diagonal no passeio, e diz:
- Menina, pode tirar os óculos, se faz favor?
Sem saber bem o que fazer tirei e sorri nervosamente. E no
mesmo instante em que me tece um elogio, agarra-me a mão com ternura e lança a
seguinte frase: “há uma pessoa que pensa muito em si, e que não a consegue
tirar da cabeça” e enuncia as duas consoantes dos dois primeiros nomes da
pessoa que me defraudou o Verão. Levei um baque, pedi que repetisse três vezes.
À terceira, já o disse quase a gritar. Acrescentou ainda que eu ia ser muito
feliz e realizar tudo aquilo que pensava que não ia mais acontecer.
Mal virei costas, as lágrimas correram, num impulso incontrolável.
Não sei que mal fiz eu na encarnação passada, mas sair deste
colete-de-forças em que luto com o meu coração, está a ser mais complicado do
que deveria.
Não tenho a certeza em que fase do luto me encontro. Pensava
estar na aceitação e respectiva resolução. Mas esta abordagem, por mais tola
que pareça, desinquietou este meu motor de sobrevivência.
Preciso de um novo amor.
Somos duas! Cada vez mais me canso de ser tao independente (ainda bem que o sou e não me contento com relaçoes vazias). Mas realmente o amor dá outro sabor à vida e às vezes é cansativo não o ter presente.
ResponderEliminar2017foi um ano repleto de situações estranhas e inusitadas....para todos! :)
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