terça-feira, 18 de março de 2014

Final de relações longas...

 “Solteira aos trinta(s)? Uma relação longa que acabou, estou certo?” perguntaram-me recentemente.

Ao contrário do que provavelmente ficou a pensar, a relação longa não foi a última, mas a primeira. Aquela em que se aposta tudo, que se faz tudo, se atura tudo até ao dia em que não se tolera mais nada. E apercebi-me que eu, tal como a maior parte de vocês, provavelmente sofremos desse síndroma.

Um dos problemas das relações longas, é que a relação deixa de ser a dois, mas enraizasse na família, e quando acabamos, custa mais acabar com a família do que com o parceiro. A mim aconteceu-me isso, a relação estava presa por fios em que a família se esforçava imenso para manter, e o sentimento por eles era tão profundo que fui arrastando. Costumo dizer que: encontrar um namorado melhor, não vai ser difícil, mas uma família, só igual, porque melhor, duvido!

Costumo comparar o final de uma relação a uma morte – daí chama-los de falecidos ou defuntos. Afinal, para recuperar – e aceitar – passamos por todas as fases. Tal como quando perdemos alguém - no verdadeiro sentido da palavra.

Se o tempo voltasse atrás, tenho as minhas dúvidas se mudava alguma coisa, não pelos momentos bons ou maus, mas pela aprendizagem que foi, um curso intensíssimo – um Doutoramento - do que não se deve fazer, do que não se deve consentir. Erros naturais e de uma enorme inocência.

O meu conto de fadas fora banhado por um tsunami. E foi neste momento que despertei para a realidade.

No entanto, a relação longa, trama-nos as contas. Porque os anos não voltam para trás. E nesse sentido o rapaz  - que me fez a pergunta - acertou em cheio. Olhando para o passado consigo dizer o momento exato em que a relação deveria de ter terminado, mas por teimosia – ou pela ingenuidade do primeiro amor - arrastei enquanto pude. Até que houve um dia, o ”dia”, em que senti o interruptor desligar. Acreditem, acontece mesmo. Fui mesmo vencida pelo cansaço.

Para quem está nesta situação, que pelos relatos que recebo em privado, são mesmo muitos.

Garanto-vos que é possível sarar um coração partido. Até vou mais longe e garanto que só quando ultrapassei percebi o verdadeiro significado do ditado: “não há amor como o primeiro”. Porque há coisas que só “aturamos” uma vez, a primeira vez, daí em diante, somos mais autónomos, seguros, realistas e menos ingénuos.

O primeiro, foi o amor da minha vida - aquele que testou os meus limites - mas não o Homem da minha vida. Por esse, espero calmamente. 

29 comentários:

  1. Parabéns excelente texto! É mesmo isto!

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    1. Olá Joana! Muito obrigada! :) É uma realidade vivida por muitos... :)

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  2. Revejo-me inteiramente neste texto :)

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    1. Olá Brigida :) Quando pensamos que só nos acontece a nós... :)

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  3. Concordo plenamente...só mesmo "No primeiro Amor" é que nós aturamos determinadas coisas e deixamos que se arraste até mais não...até ao dia...é mesmo assim...mas falo por mim...quando você chegar ao tal dia certamente não voltas atrás... agora é seguir em frente e continuar a escrever a tua história sem enlaces sem mistérios e onde a personagem principal és apenas tu! :)

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    1. V.Inês, o meu "dia" chegou há muito tempo e está completamente resolvida a história. Continuarei sim a contar a minha história... Muito obrigada! :)

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  4. O maior problema das relações longas que tem um fim - é acreditar-se francamente que eram para sempre.

    E depois, dai para frente forma-se uma catacumba’ de acontecimentos! Mas sempre ultrapassáveis!

    É tão verdade o que dizes - da perda e do seu significado. Perder a pessoa que nos fez acreditar na vida - que era possível acreditar em ‘contos de fadas’ - é perde-la humanamente!
    E quando se perde um ser humano, perde-se e pronto! – Morre ou ‘Morre’ – desaparece do nosso alcance e temos de fazer o luto ou o ‘luto’ – Sempre!

    Dói - incha - desincha e passa. - É uma certeza!- Mas custa.

    Compreendo-te tão bem quando falas na relação com os familiares, são os laços que custam mais quebrar, no final das relações. Ficam sempre tantas saudades.
    Em todas as relações longas (exceto a ultima, apesar da imensa pena que tenho) e até mesmo na adolescência, me apeguei à família, sempre fui acarinhado e bem tratado por todos. Ainda hoje mantenho números de telefone e recebo felicitações no meu aniversário e no natal. E sabe tão bem, foram e serão sempre família que ganhei.

    Eu, tal como tu, também senti o interruptor desligar na minha última relação.

    Sei que o mais correto, ou o melhor para mim e para a minha sanidade mental - teria sido terminar, mas não consegui.
    Na altura decidi ‘dar uma golfada de ar fresco’ à relação, pensei que estava a fazer o melhor para os dois (pois já namorávamos há alguns anos, também já não íamos para novos e podia ser só mais uma fase), ela também não terminava e então andávamos a ‘arrastar o morto’.
    Bem se volta-se atrás, talvez muda-se algumas coisas - a ‘golfada de ar fresco’ talvez, mas também não mudaria muitas mais!

    Relações longas - as próximas terão de ser diferentes, disso tenho a certeza!

    O ‘curso-intensivo’ que tive nos últimos anos, assim me ensinou.

    Quero e continuo a acreditar no Amor verdadeiro, no Amor do dar, da partilha, do abdicar para, do ser cúmplice e acima de tudo - verdadeiro, e quando assim não for - não irei mais dar ‘golfadas de ar fresco’ para ‘ressuscitar o morto’ - isso é certo!

    Amores arrebatadores – Sim quero! Mas que sejam para a vida.

    Esperar calmamente... Essa sim é uma atitude sabia ;)

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    1. PeterPan, é verdade que a vida nos prega algumas partidas, mas nada como uma boa dose de sensatez para resolvermos as adversidades.

      Para além das experiências menos boas em comum - aqui no blog - todos nós procuramos a cara metade. Todos acreditamos no amor e por isso é que um dia sofremos, caímos, fizemos o luto e nos levantamos.

      É a vida! :)

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    2. Fazes me lembrar alguém será?

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  5. O meu 1º amor durou 8 anos, quando na realidade não deveria ter durado nem metade... Engraçado como de facto quando estava metida nessa relação, achava que como 1º amor, tinha de durar para a vida toda, pois isso mostrava e provava que era a melhor relação do mundo! Agora que finalmente me consegui "livrar" dessa relação, só consigo pensar: "que ingenuidade, que erro enorme, que tempo desperdiçado"! A velha história...como gostava, há uns anos atrás, de saber o que sei hoje!
    E admito que não consigo não cair na tentação de analisar algumas relações desse género, que quem vê de fora tem noção clara que já não tem mais por onde espremer, mas os seus intervenientes insistem e insistem em fazê-la durar... Mas de facto não vale a pena tentar chamar ninguém à razão, todos nós só aprendemos depois de bater com a cabeça na parede...
    Desculpa o testamento, mas senti necessidade de partilhar (mais uma) minha história...
    Ah, e neste momento a trintona aqui está muito feliz do lado de um Homem! Toda a experiência anterior serviu para neste momento saber exatamente o que quero, saber como lidar da melhor forma com várias situações, e, acima de tudo, ser feliz!

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  6. É mesmo inevitável passarmos por essa fase. E quando passamos e resolvemos... Percebemos que não somos os únicos. Mas tal como nos tentaram alertar a nós e nós não vimos - ou não quisemos ver - eles tb têm de passar... A nós cabe-nos o papel de apoiar depois, se for o caso.

    Sem pedidos de desculpa, porque todos os comentários são muitíssimo bem-vindos!

    Desejo das maiores felicidades :)

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  7. excelente, cuando una no puede con la responsabilidad de una familia no debe casarse,ya que no sabe se o marido morre o adoece quen vai cargar con esa responsabilidad de familia es la mujer y es un pouco dificil os hijos sufren ya madre tambe. otra rapazes trabalhadores y que quieran responsabilidad, es como conseguir una agulha no meio de restolho.

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  8. Un dia todo cambia y quando menos esperas encontraras la aguja perdida! Pensamiento positivo! Bien-venida!

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  9. Excelente texto! Podia ser a minha história! :)

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    1. Nem imaginamos o quão comuns são as histórias das nossas vidas :) Até ouvirmos/lermos a vida de alguém e nos revermos.

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  10. É verdade, esta história podia de certa forma ser também a minha.
    O momento em que devia ter acabado foi uns 4 anos antes de o fazer, e nesse tempo tanto aconteceu. Mas sem dúvida serviu para aprender, mais que o que quero, aquilo que não quero de uma relação :) E nesse sentido, foi preci(o)so. Longo, mas necessário
    Obrigada pelas partilhas!

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    1. Como compreendo. Mas a aprendizagem tem as suas vantagens. Parece que todas/os ficamos a saber o que realmente queremos. Só pode ser positivo. :)

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  11. Olá. Hoje por acaso cruzei-me com o teu blog no FB. O nome chamou-me a atenção, ainda não estou lá, mas falta muito pouco e identifico-me contigo em tudo. À minha volta já só há bebés ou casamentos e eu fico a ver... não porque queira, mas porque ainda não aconteceu o click com aquela pessoa. Obrigada pelo que partilhas. Fazes-me sentir menos só!

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  12. Peter pan fazes me lembrar alguém q conheço ..... Será?

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  13. Olá Barbara . Lamento mas não me lembro de conhecer ninguém com o seu nome.

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    1. Pelas restantes conversas vi que não.... Mas identifiquei me com a tua descrição..... Em tempos apelidei alguém como PETER PAN ehehehehehe

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  14. Olá :) revi-me imenso no teu texto. Solteira nos 30 e o meu grande problema foram as 2 grandes relações que tive que não é fácil passar por cima e quem sabe fazer alguns erros já cometidos.
    Gostei de ler, vou seguir.
    Beijinho

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  15. Grande verdade. A parte da familia não, nunca me apego á familia da outra pessoa. Afinal, não me são nada. Mas o meu primeiro amor foi desgastante porque eu sofria e desiludia-me mas continuava. Ora porque amava, ora porque acreditava piamente que conseguia mudar o outro, que o outro seria diferente, iria evoluir, ou porque era novata nisto das relações e acredita num amor e numa cabana, o amor basta e resolve tudo, faz milagres. Tretas! Chegas então à conclusão que o amor vale 50% numa relação. Os outros pilares são muito mais importantes.

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    1. Estamos sempre a aprender, não estamos? :)

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    2. Olá:) tenho mesmo de deixar uma palavra! Afinal há muita gente com as mesmas vivencias e sentimentos! Grandes verdades descritas de uma forma clara e suscita! gostei muito do texto, revi-me!

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  16. Paixões tive varias… amor verdadeiro tive só um, e pensei que seria para sempre.
    Amei-a… amo-a! E talvez irei ama-la para sempre… e talvez ainda mais uns dias.
    Durou 11 ano s, para por mim teria durado a vida toda…
    Problema foi, que nunca consegui que ela confiasse em mim, por mais que eu tentasse.
    Fui seu namorado, fui amante, fui seu melhor amigo, confidente… por vezes… também pai, sem nunca negar, usurpar, ou solicitar qualquer tipo de gratidão ou sequer a falta dela.
    Acabou, aos poucos… sentia-a a morrer lentamente, como um punhado de areia a escapar-se-me por entre os dedos, vitima das suas próprias desconfianças, ainda que, ainda que diretamente nada tivesse feito para isso. Sinto-me obviamente culpado, ainda que indiretamente… mas a culpa… essa, filha de pai incógnito, não pode morrer solteira, é muito real, e aperta diretamente as entranhas da minha alma…
    Tal como referi, amo-a como sempre a amei, e provavelmente irei amar… sei que um dia ela me amou também, e isso para mim foi a maior das felicidades! Se ainda me ama?? São as perguntas para as quais procurei resposta por dias e noites a fio. Mas, cheguei à penosa conclusão, que não consigo acordar todos os dias de manha, olhar-me ao espelho, e saber que possivelmente farei infeliz a pessoa que mais amo no mundo. Pelo que deste modo a pergunta, poderá estar eventualmente errada. Porque no fundo a questão central, nunca foi se ela me ama? Ou sequer, se me deseja de volta… a questão principal, é. E sempre terá de o ser, a felicidade dela e partindo desta premissa, no final do dia a minha também.
    Pelo que bem ponderado… hoje… tenho para mim, que o melhor para ela, provavelmente será não voltar a intrometer-me na vida dela. Ainda que arcando com as culpas pelo fim de um relacionamento… de um amor, que fazia mais parte de mim… que eu próprio.
    Sei que tenho que reinventar-me, como homem, como ser humano, mas sei hoje… que a amo… mas que por infindáveis razões que apenas o destino conhece… não mais podemos ficar juntos, e isso não me entristece. Mata-me por dentro.

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  17. O primeiro amor é mesmo um desafio! Tudo se aceita, tudo se perdoa, da-mos todas as oportunidades, aceitamos um sorriso como pedido de desculpas e um abraço cura todas as mágoas, até ao dia que o desgaste é tão grande que algo se apaga. Importante é assumir esse desgaste e ter coragem ou para continuar ou para desistir. Se desistirmos que seja sem magoar o outro (impossivel) se for para continuar que seja por amor e não por teimosia. Em teoria é fácil não é?

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  18. Encontrei hoje este blog....razão?! Estou a passar pelo outro lado, o lado contrário ao do click. Penso que do outro lado houve o click, pelo menos as palavras foram de que, neste momento já não conseguia dar mais, que não tinha forças para dar mais. Contudo, pediu algum afastamento, mas na minha cabeça já comecei o luto....

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