sábado, 15 de fevereiro de 2014

Acreditar ou não acreditar, eis a questão!

Tudo o que está para além do explicável, para além do palpável, literalmente além seja do que for, suscita curiosidade. Quem não lê, de vez em quando que seja, o horóscopo? Quem nunca viu as características do signo? Quem nunca fez o jogo da agulha? Que atire a primeira crítica.

A verdade é que fui a uma cartomante - se disser Bruxa, será que ela se ofende?!

Marquei a consulta como se do dentista se tratasse. Fui pontual, não fosse a Senhora rogar-me alguma praga e se havia lugar em que esta palavra fazia sentido, era ali. Tal como em qualquer consultório, a senhora – a bruxa, no sentido adivinho da coisa – chegou atrasada. Enquanto isso, apreciava a sala de espera. Sim, até tinha sala de espera. As paredes em tons rosa e branco, num cenário muito bucólico e romântico, pela escolha da decoração, aposto que são mulheres na maioria que a consultam.

Uma senhora, na casa dos sessenta e muitos dirige-se a mim, pensei que me fosse segredar ou perguntar alguma coisa, não a vi quando cheguei, mas era a recepcionista discretamente a dizer que era a minha - nossa - vez. Não fui sozinha, curiosa que é curiosa desencaminha sempre alguém. Tudo tão protocolar - que nem dava para brincar com a situação - deixa muitos consultórios “de verdade” a anos-luz! Eu devo de ter ido à Bruxa chique, só pode!

 Confesso que esperava uma velha de preto com uma verruga e uma vassoura no canto da sala. E tudo escuro. Mas com a modernização, tudo mudou. O consultório era minimalista, arejado e a Sra. Bruxa, uma pessoa aparentemente normal. Vestida de forma casual e com um discurso que roçava o de psicóloga/amiga.

 E o grande momento chegou. Duas raparigas - duas mulheres! Agora parecia a minha avó a falar das amigas - a entrarem num sítio destes, ou desconfiam do marido ou não têm marido! Quem quer ser a primeira e o que querem saber? Pergunta a Senhora - vou tentar evitar chama-la de Bruxa. Cheguei-me logo à frente. E respondi corajosamente: Tudo! Parti o baralho em dois e começou a consulta onde ia saber o que me esperava nos próximos dois anos – não me perguntem o porquê do limite de tempo, foi o que a senhora disse. E nestas coisas, cada uma sabe da sua profissão.

Para disfarçar, comecei pelo trabalho, visto que está tudo em crise, as previsões foram tipo o tempo, negras! Para a saúde, recomendou agasalhar-me bem que andam por ai umas gripes. Quem diria?! Se não fossem as cartas, estava tramada!

Quanto ao amor, tivemos uma hora, à volta do amor.

Começou por fazer referências ao passado e ao presente. Não batia a bota com a perdigota, mas eu queria mesmo era saber o futuro, estava ali num frenesim para saber o que me esperava. Há terceira haveria de acertar, e é então que me diz assim sem dó nem piedade que me esperavam dois anos de uma mão cheia de nada. Que desilusão! Mas tenho a dizer que me encorajou com a descrição da pessoa, que não sabe, mas vai tropeçar em mim. Saí de lá logo com uma perspectiva de negócio para a senhora, desenvolvia a arte de desenhar, fazia um retrato robot e ganhava uma fortuna. E eu, ganhava tempo. Espalhava retratos do meu futuro - qualquer coisa - fazia um blog ou atirava-me da ponte com uma foto ao peito, quiçá conseguia captar a atenção de uma estação de televisão e passar no jornal das oito! Alguém haveria de reconhece-lo!
Até que, completamente embrenhada no que ela me dizia, perguntei: e filhos, diz ai alguma coisa? E sabem o que o raio da bruxa - agora teve de ser, merece! -me respondeu? Se não tem nenhum problema, não tem filhos porque não quer! Fiquei a pensar nisto, não deixa de ser verdade. A bruxa tem razão!

A parte engraçada é que passamos o resto da tarde a falar do assunto, bem ou mal, ainda nos questionamos da veracidade e da falta dela em tudo o que a cartomante nos disse. Mas eu garanto-vos que desde que tenham a vocação para contar histórias é uma profissão em ascensão. E com a crise, diria que deve de ser das poucas que têm lucro neste momento. Por outro lado, também não fazem mal a ninguém e acredito mesmo, que muitas das vezes, até ajudam, porque naquela hora, independentemente do que digam, as pessoas que lá vão sentem que alguém as ouve.  

Conclusão: Se precisarem de algum conselho procurem as amigas de verdade, só têm vantagens e são de borla!

16 comentários:

  1. Mesmo concordo contigo, as amigas dão conselhos e são muito melhores...quanto à cartomante não penses no que ela te disse...as coisas vão aparecer se não pensares nisso, se calhar até em menos de 2 anos ;)

    bom fim-de-semana*

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    1. Marisa, eu filtrei a informação e fiquei pela parte em que me devo agasalhar! Bom fim-de-semana! :)

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  2. (Mais uma vez) a tua Historia lembra-me uma minha... Uma cigana em pleno Paceo de Gracia em Barcelona, vir a correr atras de mim para me ler as mãos... Depois de muito insistir comigo, lá a deixei, e eis que no meio de muita coisa que eu não entendia, me diz que eu ia morrer cedo ...nem chegaria aos 25 anos... Corri logo de perto dela lol ...
    Na altura ainda pensei naquilo, incomodou-me ate porque todo o resto que me lembrava que ela tinha dito, fazia algum sentido. Mas quanto a idade na minha morte... essa, já ficou para trás :)

    Visionários, só "utilizo" os meus amigos! Esses sim conseguem ver ás vezes aquilo que nós próprios não conseguimos alcançar. :)

    **

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    1. Normalmente quem "vê" de fora vê o que os intervenientes não alcançam, sem dúvida :) Com uma previsão dessas, qualquer um fugia!! Medoo!! :D

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  3. Nesta não me apanhas, Amorinha! Cartomante, vidente, bruxa... vade-retro!!! :P

    Um dia de cada vez, sem expectativas para além das nossas e um "let it flow" suave sem grandes ansiedades é o que prefiro. Vá-se lá saber se a dita não me diz alguma coisa impressionável e nunca mais tenho um sono descansado! Nã...

    Bjs

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    1. E as brincadeirinhas com a agulha amorinha? Também conta!! :)))

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  4. Lol ! À conta das linhas da minha mão tive umas noites dessas...sem sono e em fim de adolescencia...foi um drama!
    "Let it flow" Mesmo! :)

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  5. Ui, se fosse a contar todas as vezes que o meu signo me augurou dias radiantes e que, na verdade, se transformaram em lamaçais psicológicos, não chegavam os meus 20 dedos e os emprestados de 3 ou 4 amigos. Já para não falar das promessas de amor eterno desses baralhos das figurinhas e que, até agora, nada. Os únicos baralhos em que confio são aqueles que dão para jogar à Bisca!

    Aqui há uns tempos estava em Lisboa (moro na zona do Porto), sentado em frente aos Jerónimos, e veio uma cigana ter comigo para me ler a mão. Não sei se foi o meu ar de abandono que lhe chamou a atenção, se viu em mim uma potencial vítima ou se achou honestamente que deveria partilhar comigo o que quer que achava que sabia de mim, mas não aceitei. Perante a minha recusa soltou um "és fresco, és" que me perseguiu durante semanas. Não acho que seja assim tão má pessoa, mas ouvir aquilo alimentou-me as inseguranças todinhas.

    Agora, a maior parte das vezes ouvimos aquilo que queremos ouvir. E por isso é que os amigos são as melhores cartomantes que existem - não nos dizem o que queremos ouvir mas aquilo que precisamos ouvir.

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    1. Eu até desconfio dos baralhos da bisca, prefiro a sueca e aquilo é só batoteiros! :D Acho que podemos ser curiosos, mas nunca perder o sono por isso. E reforço que os melhores amigos são mesmo o melhor remédio para muitas das nossas incertezas. Bem-vindo! :)

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  6. Bem, ao que parece andam por ai muitas ciganas perturbadoras!

    Qualquer dia é preciso ter cuidado quando se vai aos correios, pode ser dia de recebimento do rendimento minimo e querer alguma delas fazer mais uns trocos ...
    Foge ! :P

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    1. Perdoem me o sarcasmo'... não sou de racista nem nada que se pareça mas confesso que apartir do dia da minha historia com a cigana começei a fugir delas'!

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    2. PeterPan, como em todo o lado e em todas as raças também há "ciganos" bons :) O problema é que vivemos numa sociedade recheada de preconceitos. Quem vos garante que era cigana e não uma simples bruxa - tipo a minha - hein!? :))

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  7. Estou solteira aos 33 e nunca quis q fosse assim, sempre procurei ter um bom relacionamento, mas ja me disseram que nao consigo ter sorte no amor por que eu pratico a cartomancia. Isso pode ser verdade? Se for verdade, apenas me livrando do baralho, conseguirei me livrar da "maldição"?

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